31.3.12

Açucar





É natural que a maioria de nós tenha uma maior apetência para o sabor doce, pois é o primeiro com que contactamos através do leite materno. Muito frequentemente, esta tendência não só se mantém como se agrava, com todas as possíveis consequências prejudiciais para a nossa saúde, como é certamente do conhecimento de todos.

De facto, uma grande parte das pessoas ingere quantidades de açúcar bem superiores às aconselháveis e, na maior parte dos casos, esses hábitos são adquiridos logo na infância (guloseimas, refrigerantes, produtos de pastelaria, etc.), altura em que os excessos começam a ser permitidos, em prejuízo da saúde e dos bons hábitos alimentares. A própria publicidade desempenha, sobretudo junto das camadas mais jovens, um papel fortemente condicionador do desenvolvimento da apetência para o consumo deste tipo de produtos. Para além disso, o facto do açúcar não ter um custo elevado, torna fácil a sua inclusão, em quantidades elevadas, nos produtos de que faz parte.

Em relação ao valor calórico, todos os açúcares são muito ricos e, quanto mais refinados forem menor valor nutritivo contêm do ponto de vista de sais minerais, vitaminas, proteínas e gorduras. É devido a estes factores (elevado valor calórico e baixo teor nutritivo), que a presença destes nos alimentos pode desequilibrar a alimentação diária com as consequências que daí advêm (diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, cáries).

O açúcar comum (sacarose) é normalmente extraído da cana-de-açúcar ou da beterraba e, no seu estado mais bruto contem grandes quantidades de melaço. Em seguida pode passar por sucessivos processos da refinação até atingir a cor branca, processos esses que lhe vão retirando não só o aroma e o aspecto castanho amarelado, como os sais minerais (cálcio, fósforo, magnésio, sódio, potássio e ferro). Em contrapartida, à medida que progride o branqueamento o poder calórico aumenta. Por exemplo: 100g de açúcar mascavado escuro contêm 360 calorias e 50mg de ferro; a mesma quantidade de açúcar branco refinado equivale a 400 calorias e não contem ferro nem qualquer outro mineral. No entanto, é preciso ter em conta que nem todos os açúcares escuros ou amarelos são não refinados. Alguns deles são, na verdade, açúcares brancos refinados aos quais se adicionou uma certa quantidade de melaço.

No que diz respeito à fructose que, como o próprio nome sugere, pode ser extraída dos frutos, é um açúcar com um poder adoçante ligeiramente superior ao açúcar comum e mais tolerado por alguns diabéticos, pelo facto da sua metabolização ser mais lenta.
O mel é um produto 100% natural que contém essencialmente glicose e levulose e uma pequena quantidade de sacarose, para além de quantidades menores de outros componentes. Pode ser uma opção para os que preferem um produto menos industrializado mas os seus efeitos são semelhantes aos do açúcar.

Neste século, devido à procura cada vez mais forte do "doce que não engorda" ou do "doce que não faz mal", foram desenvolvidos edulcorantes artificiais com um poder adoçante elevado e com aporte calórico quase nulo. É o caso da sacarina, ciclamato, acesulfame K e aspartame. É claro que esta poderia ser a resolução para o problema e, nos casos das pessoas obesas ou diabéticas, constitui frequentemente a única solução. No entanto, é grande a polémica no que toca aos possíveis efeitos secundários ou não deste tipo de produtos. De facto, têm sido levados a cabo vários estudos mas, na sua quase totalidade, não foram encontrados quaisquer efeitos secundários mesmo quando tomados em quantidades superiores às doses diárias comuns.

Cada um destes produtos tem características próprias que se prendem com o sabor, temperatura a que podem ser utilizados e respectivo poder adoçante. Na minha opinião, deve utilizar o açúcar em quantidades moderadas, (10-20g/dia, ou seja até dois pacotes) se não sofrer de qualquer patologia específica e não for obeso. Se gostar de um adoçante aromático e mais natural, dê preferência ao açúcar mascavado ou ao açúcar com melaço (não refinados) e ao mel. Se pretender manter "a linha", se for diabético, se o seu nível de triglicéridos for elevado ou se quiser evitar cáries, utilize um adoçante como substituto do açúcar. Para além disto e, se for o caso, é importante não estimular nas crianças o gosto ainda maior pelos açúcares, evitando as guloseimas e refrigerantes, entre outros, para além de alguma sobremesa doce eventual após as refeições.

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