31.3.12

O Mar e os seus Remédios








A vida nasceu no mar e, curiosamente, o nosso plasma sanguíneo tem uma composição semelhante à da água marinha. Aliás, a história dos povos sempre esteve ligada a este meio e, se do ponto de vista social, cultural e político o mar esteve frequentemente como pano de fundo, também a alimentação e a saúde não fugiram a tal destino.
Pretende-se, assim, fazer uma visita guiada aos inúmeros benefícios, para a saúde, que o mar tem para nos oferecer, quer pelos alimentos que nele é possível encontrar, quer, mais indirectamente, pelos produtos aí existentes com propriedades terapêuticas.

Os peixes e os moluscos fornecem proteínas de boa qualidade, fósforo, iodo e óleos essenciais: os omega-3 (nos peixes gordos), estes últimos já várias vezes aqui referenciados pelas suas propriedades protectoras contra diversas doenças, nomeadamente as cardiovasculares. O óleo de fígado de peixe de mares frios (bacalhau, halibut) é uma excelente fonte de vitaminas A e D, importantes, sobretudo, para a visão e a saúde dos ossos. Por seu lado, a cartilagem de tubarão é outro produto que se tem vindo a revelar benéfico em certas doenças (ex: artrite e cancro), pelo facto de ajudar a inibir a formação de novos vasos sanguíneos, dificultando assim a progressão dessas doenças. Para além disto, o óleo de fígado do mesmo animal contém ainda substâncias com propriedades imunoestimulantes.

Também os mariscos, para além de fontes alimentares, podem ter outras propriedades interessantes: é o caso do mexilhão verde da Nova Zelândia (acção anti-inflamatória no caso de reumatismo) ou, por exemplo da carapaça de caranguejos e concha de ostra, a partir dos quais se preparam alguns produtos homeopáticos, ou se obtêm produtos ricos em cálcio. A sépia (tinta do choco) e murex ("caracol" marinho), bem como a enguia, a esponja e a medusa, são igualmente substâncias e animais a partir dos quais se produzem diversos medicamentos homeopáticos.

As algas constituem um outro grupo com diversas aplicações, quer sejam pluricelulares (bodelha, laminárias, algas castanhas, vermelhas e verdes), quer sejam unicelutares (clorella, spirulina). Podem ser usadas directamente como alimento, ou ter aplicações terapêuticas (desintoxicantes, remineralizantes, etc.). Para além do seu uso interno, podem ser usadas externamente, com fins medicinais ou estéticos (talassoterapia).

O sal marinho integral, com os seus mais de 90 minerais, é de longe mais rico que o sal comum refinado, que só apresenta 2 minerais, permitindo assim que, a partir da água do mar, sejam produzidos importantes produtos homeopáticos. As lamas marinhas, também elas verdadeiros concentrados de minerais e, enriquecidas com outros elementos aquáticos (nomeadamente microalgas), podem ser utilizadas para diferentes finalidades.

A água do mar pode ainda empregar-se em lavagens das vías respiratórias superiores no caso de certas afecções. É ainda um excelente meio para a execução de exercício físico por aí ser mais fácil a flutuação do corpo, por isso indicado a indivíduos obesos ou com problemas de mobilidade articular. Caminhar à beira-mar, com água pelos joelhos, é dos melhores exercícios para quem sofre de problemas circulatórios e se queixa de pernas pesadas.

É provável que, no futuro, se venham ainda a descobrir muitos outros benefícios com origem marinha, até porque, actualmente, é possível descer a profundidades superiores, onde se têm vindo a descobrir formas de vida diferentes e complexas. No entanto, tudo o que hoje em dia já obtemos a partir do mar, é motivo mais do que suficiente para se ter em atenção a preservação urgente deste berço de vida. A poluição crescente dos mares, bem como a exploração indiscriminada dos seus recursos, podem pôr em causa o equilíbrio da maior superfície do globo, comprometendo todos os benefícios que dela temos vindo a usufruir.

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