22.11.12

O masculino e o feminino em nós







Cada um de nós tem uma energia masculina e uma energia feminina. Um dos maiores desafios que enfrentamos neste mundo consiste em desenvolver plenamente estas energias, para permitir uma interacção harmoniosa.
As filosofias orientais incluíram sempre os conceitos de yin (feminino/receptivo) e yang (masculino/activo), afirmando que tudo no universo é feito a partir destas duas forças. No ocidente, Carl Jung fez um trabalho pioneiro e apaixonante com os conceitos de anima e animus. Ele explica que os homens tem um aspecto feminino (anima) e as mulheres um aspecto masculino (animus), que a maior parte de nós reprime fortemente e que devemos aprender a viver com eles. Ele e os seus seguidores fizeram um óptimo trabalho utilizando sonhos, mitos e símbolos para ajudar os homens e mulheres a reencontrar a parte deles que tinham perdido ou negado.
Numerosos filósofos, psicólogos, poetas, dramaturgos e artistas exprimiram a ideia de energia masculina e feminina no homem e em todas as coisas.
Algumas pessoas têm resistência às palavras “masculino” e “feminino” porque na nossa cultura temos muitas ideias preconceituosas acerca daquilo que estas palavras significam, uma grande “carga” emocional associada a elas. Se preferir substitua os termos yin e yang por outros que lhe pareçam mais convenientes.

O nosso lado feminino é o nosso eu intuitivo. Esta é a parte de nós mais profunda e mais sábia. É a energia feminina, tanto para os homens como para as mulheres. É o aspecto receptivo, a porta aberta através da qual a inteligência superior do universo pode fluir, a parte receptiva do canal. O nosso lado feminino comunica connosco através da intuição – essa incitação interior, sentimentos ou imagens surgidas das nossas profundezas. Se não lhe prestarmos conscientemente atenção no nosso estado de vigília, ela tentara falar-nos através dos sonhos, das emoções e do nosso corpo físico. Ela é a fonte de sabedoria superior dentro de nós e se aprendermos a ouvi-la atentamente, em cada momento, elas irá conduzir-nos na perfeição.

O aspecto masculino corresponde á acção – a nossa capacidade de fazer as coisas no mundo físico – pensar, falar, mover o corpo. De novo, quer você seja homem ou mulher, a sua energia masculina é a capacidade de agir. É a parte transmissora do canal. O lado feminino recebe a energia criativa universal o lado masculino exprime-a no mundo através da acção; é assim que obtemos o processo criativo. O nosso aspecto feminino é inspirado por um impulso criativo que nos é comunicado sob forma de um sentimento e o nosso aspecto masculino age em função dele, falando, movimentando-se ou fazendo o que é necessário.

Por exemplo, um artista pode acordar com uma ideia inspiradora para pintar (uma imagem comunicada pelo lado feminino) e, imediatamente vai para o seu atelier, pega no seu pincel e começa (acção empreendida pelo lado masculino).
Uma mãe sente-se repentinamente preocupada com o seu filho (um aviso feito pelo lado feminino), corre para a outra divisão da casa e retém o seu filho que ia queimar-se no fogão (acção empreendida pelo lado masculino). Um homem de negócios pode sentir um impulso de contactar um determinado associado (orientação do lado feminino), fazer a chamada, (acção empreendida pelo lado masculino) e lançar-se numa nova transacção.

Em todos os casos em que os aspectos interiores do masculino e do feminino funcionaram numa união criativa, existiu criação – um quadro, uma criança salva, a concretização de um negocio – o simples facto de ter fome e ir à cozinha preparar algo para comer, ilustra este processo. A união das energias feminino e masculino no individuo é a base de toda a criação. Intuição feminina mais a acção masculina é igual a criatividade.

Para ter uma vida harmoniosa e criativa é necessário ter tanto a energia feminina como a masculina totalmente desenvolvidas e a funcionar correctamente em conjunto. Para integrar completamente o masculino e o feminino interior, deve-se dar o papel de liderança ao lado feminino. É a sua função natural. Ele é a sua intuição, a porta para a inteligência superior. O seu lado masculino escuta e age de acordo com os sentimentos do seu lado feminino. A verdadeira função da energia masculina é agir com absoluta clareza, de uma maneira directa e com uma força impetuosa, apoiando-se naquilo que o universo em si lhe diz através do seu lado feminino.

O lado feminino diz “Eu sinto isto”. O lado masculino responde “Estou a escutar os teus sentimentos. O que queres que eu faça?” O primeiro diz: “Quero isto”. O segundo responde: “Queres isto? De acordo, perfeito, vou busca-lo para ti”. E vai directamente satisfazer o seu pedido, com a certeza absoluta de que no seu desejo reside a sabedoria do universo. A natureza do feminino é sabedoria, amor, e clarividência expressa através dos sentimentos e desejos. A natureza do masculino é arriscar tudo na acção ao serviço do feminino, tal como o cavaleiro pela sua donzela.

Quando estas duas energias estão em harmonia e funcionam em conjunto, a sensação é incrível: um canal sólido, aberto, criador, através do qual circulam o poder, a paz e o amor.

O antigo masculino e o antigo feminino

Infelizmente não aprendemos a deixar funcionar naturalmente as nossas energias masculina e feminina, numa relação adequada de uma para a outra. Na nossa cultura aprendemos a utilizar a nossa energia masculina (a nossa capacidade de pensar e agir) para suprimir e controlar a nossa intuição feminina, mais do que para apoiar ou exprimir.

A este uso tradicional da energia masculina chama-mos “antigo masculino”, que existe igualmente em homens e mulheres, apesar de ser frequentemente mais evidente e exteriorizado nos homens e mais subtil e interiorizado nas mulheres. O masculino antigo é essa parte de nós que quer manter o controlo. O poder feminino aterroriza-o porque não se quer entregar ao poder do universo. Está com medo de perder a sua identidade individual e entregar-se. Podemos também chamar-lhe Ego: a sua função é preservar a todo custo a individualidade e a separação. Recusa, portanto, o poder do feminino que é uma força vocacionada à fusão e à unidade.

Na relação com o masculino antigo, o feminino não tem poder algum no mundo. Ele não tem poder para agir directamente no mundo físico sem o suporte da acção masculina. O seu poder reprimido deve manifestar-se indirectamente através de comportamentos manipuladores, sintomas físicos ou de maneira inesperada ou desordenada – explosão de emoções ou mesmo (em casos extremos) actos de violência.

Pode constatar que homens e mulheres representaram estes papéis exteriormente. Tradicionalmente ensina-se ao homem a renegar e reprimir o seu lado feminino interior, de ser como uma máquina, sem emoção, dominando-se totalmente e mostrando-se repressivo em relação às mulheres (secretamente os homens tem talvez medo das mulheres, pois elas lembram-lhe o poder do seu lado feminino interior que eles se esforçam a renegar). Porque estão desligados da sua fonte interna de poder, sentem-se realmente muito sós e perdidos.

Tradicionalmente a mulher também aprendeu a utilizar a sua energia masculina para renegar e reprimir o poder do seu lado feminino. Reduzida por tal facto à impotência, dependente dos homens, efectivamente desequilibrada, ela é apenas capaz de exprimir o seu poder de forma indirecta, pela manipulação (ela teme que os homens descubram o seu poder real e a abandonem; assim esconde-o cuidadosamente). É importante perceber que o homem e a mulher antigos existem ambos nos dois sexos.

Uma mulher que se exprime no modo tradicional acima descrito, tem nela um homem antigo, macho, que controla e reprime. Ela terá tendência para atrair homens que reflectem esta personalidade masculina e manifestarão no seu comportamento para com ela. Este comportamento pode ir do paternalismo e do chauvinismo às violências verbais e físicas, dependendo da maneira como a mulher se trata e daquilo que ela julga merecer.

Quando ela começa a ter confiança e a gostar mais de si, assim como a utilizar sua energia masculina interior, para se apoiar, o comportamento dos homens na sua vida reflectirão a sua evolução. Seja transformando-se radicalmente e continuando a mudar com ela, seja desaparecendo da sua vida para serem substituídos por homens que a apoiem e apreciem, reflectindo a sua nova atitude em relação a si mesma.

O macho tradicional, tem em si uma voz feminina desesperada e histérica, que procura freneticamente fazer-se ouvir. Ele tem tendência a atrair mulheres que tem fraca auto-imagem, que se ligam e tem necessidade dele ou que exprimem indirectamente o seu poder de manipulação, charme de rapariguinha, sedução sexual, servilidade ou desonestidade.

Estas mulheres que não se respeitam e não tem confiança nelas, reflectem a sua falta de confiança e de respeito para com o seu lado feminino interior. Ao abrirem-se à sua natureza feminina e ao terem confiança nela, encontrarão a nutrição, o apoio e o sentido de conexão que lhes falta. As mulheres da sua vida reflectirão essa mudança tornando-se mais fortes, mais independentes, mais directas e honestas, bem como amantes mais genuínas e cuidadosas.


O novo homem e a nova mulher

O poder feminino, poder do espirito, está sempre em nós. Cabe ao ego – a nossa energia masculina – determinar como nos ligamos a esse poder. Podemos combate-la, bloqueá-la, tentar controla-la e ficar separado dela ou, pelo contrário, abandonarmo-nos e abrirmo-nos a ela, aprender a apoia-la e a segui-la.

Individualmente e colectivamente, passamos de uma posição de medo e de controlo, para uma posição de abandono e confiança na intuição. O poder da energia feminina está a elevar-se no nosso mundo. Quando emerge em nós, a reconhecemos e nos abandonamos a ela, o homem novo, aquele que se lança no mundo com confiança e amor. Deve crescer para ser igual em poder e assim, tornar-se-ão nos amantes que estão destinados a ser.

Parece-me que o homem novo nasceu apenas nas nossas consciências nestes últimos anos. Anteriormente quase não tínhamos a experiencia nos nossos corpos da verdadeira energia masculina. O nosso único conceito do masculino era o homem antigo – uma energia completamente separada do feminino.

O nascimento do novo homem é sinonimo de nascimento da nova era. O novo mundo construi-se em nós e à nossa volta, no momento em que o homem novo (forma física) emerge em toda a sua glória do poder do lado feminino (espirito).


Namasté

2.9.12

Confiar na Intuição








Muitos de nós foram ensinados desde a infância a não confiar nos seus sentimentos, a não se exprimirem verdadeiramente e honestamente, a não reconhecer que no mais profundo do nosso ser reside a natureza do Amor, do Poder e da Criatividade. Apreendemos facilmente a ajustarmo-nos àqueles que nos envolvem, a seguir determinadas regras rígidas de comportamento, a suprimir os nossos impulsos espontâneos e a fazer aquilo que esperam de nós. Mesmo se nos revoltamos com isto, tornamo-nos prisioneiros da nossa revolta, fazendo o contrário do que nos disseram numa reacção brutal contra a autoridade. Raramente somos apoiados por confiarmos em nós, ouvirmos a nossa verdade interior e por nos exprimirmos de uma maneira directa e honesta.

Quando reprimimos e desconfiamos sistematicamente do nosso saber intuitivo, procurando em vez dele a autoridade, a validação e a aprovação dos outros, transferimos o nosso poder pessoal. Isto leva ao sentimento de estar desamparado, vazio, à sensação de ser vítima; podendo começar a sentir cólera e raiva e, se estes sentimentos também foram suprimidos, vem a depressão e a apatia.

Podemos simplesmente suportar estes sentimentos, levar uma vida de entorpecimento e de desespero e morrer. Podemos também procurar compensar o nosso sentimento de impotência tentando controlar e manipular as outras pessoas e tudo o que nos cerca.
Podemos mesmo explodir, por fim, numa raiva incontrolável que será extremamente exagerada e deformada por ter ficado reprimida durante muito tempo. Nenhuma destas possibilidades são positivas.


A verdadeira solução consiste em reeducarmo-nos a ouvir e a confiar na verdade interior, que se manifesta em nós através dos nossos sentimentos intuitivos. Devemos aprender a agir de acordo com eles, mesmo que isso pareça arriscado ou ameaçador a princípio, porque já não estamos a lidar com a segurança, já não fazemos o que “deveríamos” fazer, agradando aos outros, seguindo as regras. Viver desta maneira é arriscar perder tudo a que nos agarramos por razões de (falsa) segurança exterior, mas ganharemos Integridade, Plenitude, Verdadeiro Poder, Criatividade e Verdadeira Segurança de sabermos que estamos ligados ao Poder do Universo.

Sem pretender menosprezar ou eliminar a mente racional sugerindo que a nossa consciência colectiva é a força que guia as nossas vidas. O intelecto é um utensílio muito poderoso que utilizaremos mais para apoiar e exprimir a nossa sabedoria do que para reprimir a nossa Intuição, como fazemos actualmente. A maior parte de nós programou o seu intelecto para que ele duvide da sua Intuição. Quando uma Intuição aparece, o nosso espírito racional diz imediatamente “Isso não funcionara”, “Ninguém age dessa maneira”, ou “Que ideia mais tola” e a Intuição é rejeitada.

Ao entrarmos no novo mundo devemos reeducar o nosso intelecto para que ele reconheça a nossa intuição como uma fonte válida de informação e orientação. É preciso treinar o nosso intelecto a ouvir e exprimir a voz da Intuição. O intelecto é de uma natureza muito disciplinada e esta disciplina pode ajudar-nos a pedir e a receber indicações do eu intuitivo.

O que significa ter confiança na Intuição? Como é que isso se faz?

Significa ligar-se aos sentimentos que vêm das nossas “entranhas” – do mais profundo da nossa verdade pessoal – em qualquer situação e agir de acordo com eles, em cada instante. Por vezes as suas “entranhas” podem dizer-lhe para fazer alguma coisa de inesperado ou incompatível com os seus projectos anteriores; elas podem pedir para acreditar em algo ilógico; pode acontecer sentir-se talvez mais vulnerável do que era ao nível emocional; pode exprimir sentimentos ou opiniões estranhas às suas crenças usuais; talvez seguir um sonho ou uma fantasia; ou correr alguns riscos financeiros para fazer algo que lhe parece importante.

A princípio pode recear que seguir a sua Intuição o leve a fazer coisas que parecem dolorosas ou irresponsáveis para os outros. Por exemplo, poderá hesitar em cancelar um encontro, mesmo que precise de tempo para si, por medo de magoar os sentimentos da outra pessoa. Quando ouvimos realmente a nossa voz interior, a longo prazo, todos à nossa volta beneficiam disso tanto quanto nós.

As pessoas podem, por vezes, ficar temporariamente decepcionadas, irritadas ou um pouco destabilizadas quando muda os seus velhos esquemas de relação consigo mesma e com os outros. Mas, muito simplesmente, as pessoas das suas relações são também levadas a modificarem-se. Se tiver confiança verá que as mudanças se produzem também para o seu bem maior. (Se cancelar esse encontro o seu amigo pode acabar por passar um tempo muito agradável fazendo qualquer outra coisa). Se as pessoas não quiserem mudar, pode acontecer que se afastem de si, pelo menos temporariamente, portanto, deve estar disposto a deixar partir as pessoas.

Se existir entre vós uma ligação profunda, há grandes hipóteses de se voltarem a juntar no futuro. Entretanto, cada um precisa de crescer à sua própria maneira e ao seu próprio ritmo. Se continuar a seguir o seu caminho, atrairá cada vez mais pessoas que gostarão de si tal como você é.

Praticar uma nova maneira de viver


Apreender a ter confiança na sua intuição é uma forma de arte e tal como todas as formas de arte é necessário prática para aperfeiçoar. Isso não se aprende num só dia. É preciso permitir cometer “erros”; tentar algo e falhar, depois, tentar algo de diferente na vez seguinte; por vezes sentir-se mesmo embaraçado ou estúpido. A sua intuição está sempre cem por cento correcta, mas é preciso tempo para a compreender correctamente. Se se permitir correr riscos, agindo de acordo com aquilo que considera certo e cometendo erros, aprendera rapidamente, constatando o que funciona e o que não funciona. Se recuar com medo de se enganar, pode levar toda a sua vida para aprender a segui a sua intuição. É muitas vezes difícil distinguir a “voz” da intuição entre tantas outras “vozes” que lhe falam do interior; a voz da consciência, a voz dos velhos pogramas e crenças, as opiniões dos outros, os medos e as dúvidas, os projectos racionais e as “boas ideias”.


Infelizmente não existe um método simples ou infalível para distinguir a verdadeira voz ou sentimentos da intuição de todas as outras. A maior parte de nós está em contacto com a sua intuição, tendo ou não consciência disso, mas, normalmente, temos o hábito de duvidar dela ou de a contradizer tão automaticamente que nem sequer nos apercebemos que ele falou. O primeiro passo a dar é ficar mais atento àquilo que sente no seu interior, ao diálogo interior que decorre dentro de si.

Sente uma vontade, por exemplo, “Gostaria de telefonar ao Jim”. Imediatamente a voz da dúvida no interior diz-lhe: “Porquê telefonar-lhe a esta hora? Ele não estará em casa!” e você automaticamente ignora o seu impulso inicial de lhe telefonar. Se lhe tivesse telefonado, tê-lo-ia encontrado em casa e descoberto que ele tinha alguma coisa importante para lhe dizer.

Outro exemplo: pode ter um sentimento a meio do dia que lhe diz: “Estou cansado, gostaria de repousar um pouco”. Imediatamente você pensa “Não posso descansar agora, tenho muitas coisas para fazer”. Por isso bebe café para o estimular a continua a trabalhar o resto do dia. À noite sente-se cansado, esgotado e irritado, enquanto que se tivesse seguido a sua vontade inicial, teria descansado uma meia hora e retomado as suas actividades, repousado e eficiente, acabando o seu dia em equilíbrio.

A medida que vai tomando consciência deste diálogo subtil entre a sua intuição e as outras vozes interiores, é muito importante não se humilhar nem diminuir a importância desta experiencia. Tente permanecer observador objectivo. Repare no que acontece quando segue os seus sentimentos intuitivos. O resultado é normalmente um aumento de energia e poder e a sensação de que as coisas estão a fluir. Repare agora no que acontece quando duvida, suprime ou vai contra os seus sentimentos. Invariavelmente observará um decréscimo de energia, sensações de fraqueza ou de impotência e sofrimento afectivo e/ou físico. Em qualquer dos casos estará a aprender alguma coisa, por isso, tente não se condenar quando não seguir a sua intuição (acrescentando repressão ao sofrimento!). Lembre-se que é preciso tempo para se aprender novos hábitos; os antigos estão profundamente enraizados.

O importante, quando se está a aprender a ouvir e a seguir a sua intuição é simplesmente “controlá-la” regularmente. Pelo menos duas vezes por dia e muitas mais vezes, se possível (todas as horas seria óptimo), pare um minuto ou dois (ou mais, se puder) para se descontrair e escutar a parte mais profunda de si. Cultive este hábito de falar com o seu eu interior. Peça-lhe ajuda e orientação quando precisar e treine-se a receber respostas que podem chegar de diversas formas: palavras, imagens, sentimentos ou mesmo uma fonte exterior como um livro, um amigo, um professor que lhe dirá exactamente o que precisa de saber.

O seu corpo é um auxiliar fabuloso para aprender a seguir a sua própria voz interior. Sempre que está em sofrimento ou sentindo desconforto é normalmente um sinal de que ignorou os seus sentimentos. Utilize isso como um sinal para comunicar com o seu interior e lhe perguntar o que precisa de tomar consciência.


À medida que vai aprendendo a viver de acordo com a sua intuição, deixa de tomar decisões com a sua cabeça. Age em cada momento de acordo com aquilo que sente e deixa que as coisas evoluam. Desta maneira é levado na direcção certa para si. As decisões são tomadas natural e facilmente; não precisa de tomar grandes decisões relativas a acontecimentos futuros. Ocupe-se apenas em seguir a sua energia no momento e verá que tudo se processa no seu devido tempo e da maneira certa. Se tem de tomar uma decisão relativamente ao futuro, obedeça ao seu sentimento interior, no momento em que a decisão deve ser tomada.


Não se esqueça também que apesar de eu falar em seguir a sua voz interior, muitas pessoas não sentem literalmente isso como uma voz interior. Trata-se muitas vezes de um simples sentimento, uma energia, uma vontade de “querer fazer isto” ou “não querer fazer aquilo”. Não faça disto um acontecimento místico e misterioso. É uma experiencia humana simples e natural que perdemos e vamos recuperar.

Uma grande vitalidade constitui uma das maiores provas de que está a seguir a sua intuição. Por vezes poderá sentir-se submergida por mais energia do que aquela que o seu corpo pode suportar. Pode mesmo sentir-se cansada com tanta energia a circular em si. A energia não ultrapassara em caso algum as suas capacidades, mas devera abrir-se um pouco! O seu corpo aumentara a sua capacidade de canalizar a energia do universo. Fique simplesmente relaxado e quando sentir necessidade, descanse. Em breve se sentira mais equilibrado e começará a sentir prazer neste momento de intensidade.

A principio poderá parecer-lhe que quanto mais age de acordo com a intuição, mais as coisas na sua vida se desintegram – poderá perder o seu emprego, um relacionamento, alguns amigos, ou o seu carro poderá deixar de funcionar! O facto é que está a mudar muito depressa e a livrar-se daquilo que na sua vida já não lhe corresponde.


Enquanto não se livrar desses elementos continuará prisioneira deles. À medida que avança neste caminho, seguindo a energia a cada instante, o melhor que pode, verá novas formas serem criadas. Acontecera facilmente e sem esforço. As coisas ocuparão o seu lugar e as portas abrir-se-ão de uma maneira aparentemente miraculosa. Continuara o seu caminho agindo apenas quando sentir a energia para o fazer e não fazendo aquilo que não sentir energia para fazer; vivendo momentos maravilhosos, será literalmente capaz de ver o universo criar novas formas através de si. Começara a experimentar a alegria de ser um canal criativo.

Não é necessário ser perfeito para ser um canal do universo. Tem apenas de ser autêntico – ser você mesmo. Quanto mais autentico, honesto e espontâneo for, mais livremente a força criativa poderá circular em si. Ao circular, limpa os restos de velhos bloqueios. Aquilo que se manifesta é por vezes desagradável ou desconfortável, mas a energia que circula produz um sentimento maravilhoso! Quanto mais o permitir, mais límpido se torna o seu canal e, consequentemente, o que dele emana é uma crescente expressão perfeita do universo.

Lembre-se também que alguns dos nossos modelos espirituais reflectem mais as nossa “boas ideias” do que uma correcta imagem de iluminação. A imagem que muitas pessoas se esforçam por dar, mostrando-se sempre amáveis, positivas e adoráveis é, na realidade, uma expressão do seu ego que necessita de se sentir em controlo, bom e justo. O universo tem muitas cores, humores, velocidades, estilos e direcções; por outras palavras, tudo se modifica constantemente. É unicamente ao abandonarmos o controlo do nosso ego e ao tomarmos o risco de seguir sem medo a nossa corrente, que nós conhecemos o êxtase de sermos um verdadeiro canal.


Namasté


13.7.12

Intuição








Quando pela primeira vez conhecemos o poder Superior do Universo, perguntamo-nos como podemos entrar em contacto com ele, ou ter de novo acesso a ele. Acima de tudo, se existe uma Sabedoria Superior com um conhecimento mais profundo do que aquele que conhecemos vulgarmente, e se podemos contacta-lo, aceder a ele, devemos ser capazes de receber instruções preciosas para vivermos bem neste mundo tão conturbado. Podemos aceder ao poder que existe em cada um de nós, através daquilo que chamamos vulgarmente de Intuição. Ao apreendermos a pôr-nos em contacto, a ouvir e agir de acordo com a nossa intuição, podemos ligar-nos ao poder Supremo do Universo e deixá-lo tornar-se na força que nos guia.

É aqui que nós nos encontramos em total contradição com a vida, tal como nos ensinaram a vivê-la no antigo mundo. A civilização ocidental ensinou-nos o respeito e mesmo o culto do racional e do lógico no nosso ser e a rejeição, o desprezo e a negação da nossa Intuição. Atribui-mos aos animais a faculdade de compreender as coisas que ultrapassam de longe a sua capacidade racional; chamamos a isso instinto. Trata-se contudo de um mistério que desafia qualquer explicação lógica. No entanto, encolhemos os ombros e consideramos esta faculdade muito inferior à magnífica capacidade humana de raciocinar.

Todo o sistema de valores da nossa cultura assenta firmemente na crença de que o princípio racional é superior e constitui, de facto, a verdade absoluta. A tradição científica ocidental tornou-se a nossa religião. Fomos ensinados desde a mais tenra infância a sermos racionais, lógicos e consistentes; a evitar os comportamentos emocionais e irracionais; a não deixar transparecer os nossos sentimentos. Ou melhor, sentimentos e emoções são considerados como símbolos de estupidez, de fraqueza e aborrecimento. Pior ainda, temos medo que eles ameacem o próprio sistema da nossa sociedade civilizada.

As nossas instituições religiosas alimentam este medo do eu intuitivo e irracional. Noutros tempos baseadas na profunda consciência da presença, em cada ser humano, do princípio Universal do Criador, numerosas religiões já não honram esta ideia, a não ser da boca para fora. Em vez disso procuram controlar o comportamento dos seus fiéis, utilizando estruturas elaboradas de regras destinadas a salvar as pessoas da natureza profunda, irracional e fundamentalmente “pecadora”. E de acordo com numerosas disciplinas psicológicas, é preciso controlar o instinto natural do homem, pois é obscuro e perigoso. Partindo desse ponto de vista, apenas a razão pode subjugar esta força misteriosa e canaliza-la para uma via sã e construtiva.

De uma maneira geral as sociedades tecnicamente menos desenvolvidas, têm uma aproximação da vida feita através da consciência e respeito profundo pela parte intuitiva da existência. Cada instante do eu quotidiano é guiado por um forte sentido de relação com a força Criadora. A evolução do homem parece querer mostrar quanto mais a nossa capacidade racional progride, mais nós nos tornamos desconfiados face ao lado intuitivo da nossa natureza. Tentamos controlar esta “força obscura” criando estruturas de regras autoritárias, que definem de uma maneira muito penosa o verdadeiro e o falso, o bem e o mal, o comportamento correcto e incorrecto. Justificamos esta aproximação rígida da vida culpando tudo o que não é racional na nossa natureza, desde os nossos dramas emotivos pessoais, até as doenças da sociedade, como a droga, o crime, a violência e a guerra.

No entanto, a partir do momento em que aceitamos a realidade do poder que opera no Universo canalizado em nós através da intuição, torna-se evidente que os nossos problemas pessoais e as desordens do mundo são de facto caudadas pelo não respeito pela inteligência intuitiva interior. Quanto mais desconfiamos do nosso eu interior e mais o abafarmos, mais nos arriscamos a que ele se manifeste brutalmente e de maneira desgovernada. Dito por outras palavras, tais problemas não nos mostram a natureza emocional e não racional a tornar-se violenta e incontrolável, mas, pelo contrário, mostram-nos que tanto os problemas pessoais como sociais são o resultado do nosso medo e da supressão da nossa Intuição.

A nossa mente racional é como um computador: trata os dados recebidos e calcula as conclusões lógicas a partir dessa informação. Mas a mente racional tem as suas limitações, ela só pode avaliar a partir de dados que recebe directamente. Por outras palavras, a nossa mente racional só pode operar com base nas experiencias directamente vividas por cada um, na sua vida.

Pelo contrário, a mente intuitiva parece ter acesso a uma fonte infinita de informações. Parece ser capaz de atingir um reservatório imenso de conhecimentos e de sabedoria, a Mente Universal. É mesmo capaz de separar esta informação e de nos fornecer exactamente aquilo que precisamos. Mesmo que as mensagens cheguem aos poucos, se aprendermos a seguir esses suplementos de informação, peça por peça, o necessário curso de acção acabara por se revelar. Á medida que aprendemos a confiar nesta orientação, a vida torna-se mais fluida e fácil. A nossa vida, os nossos sentimentos e acções interagem harmoniosamente com aqueles das pessoas que nos cercam.

É como se cada um de nós tocasse um instrumento único numa enorme orquestra sinfónica, dirigida por uma Inteligência Universal. Se tocarmos a nossa própria partitura sem as indicações do maestro ou dos restantes elementos da orquestra, provocamos um caos total. Se nos procurarmos ajustar aos nossos vizinhos em vez de o fazermos com o maestro, será impossível atingir a harmonia – somos muitos e todos tocamos coisas diferentes. O nosso intelecto não é capaz de processar tanta informação e decidir em cada momento qual é a melhor nota a tocar. Ma se estivermos atentos ao maestro e seguirmos as suas indicações, experimentamos a alegria de tocar a nossa própria partitura, que é única e que todos podem ouvir e apreciar, e, ao mesmo tempo, apercebermo-nos de que fazemos parte de um grande todo harmonioso.

Quando aplicamos esta analogia às nossas vidas, apercebemo-nos que a maioria de nós não está consciente de existência de um maestro. Vivemos o melhor que sabemos utilizando apenas o intelecto para compreender as nossas vidas e calcular o melhor caminho a seguir. Se formos honestos connosco admitiremos rapidamente que guiados apenas pelo nosso espírito racional, não tocamos uma música muito bonita. A dissonância e o caos nas nossas vidas, assim como no mundo, reflectem indiscutivelmente a possibilidade de viver dessa maneira.

Ao estabelecermos ligação com a nossa Intuição permitindo que ela se torne na força que guia as nossas vidas, permitimos que o maestro ocupe o lugar que lhe compete, o de líder da orquestra. Em vez de perdermos a nossa liberdade individual, receberemos o suporte de que precisamos para exprimir de uma maneira eficaz a nossa individualidade. Além disso sentiremos o prazer de experimentar fazer parte de um enorme canal criador.

Não compreendendo completamente o funcionamento admirável da intuição, sabemos claramente, através das nossas experiencias, da observação e testemunhos de outras pessoas, que a intuição funciona dessa maneira.

O universo apresenta-se sob aspectos pessoais e impessoais: quanto mais nos abandonamos e temos confiança, mais a nossa relação com esse poder Superior se torna pessoal. Conseguimos literalmente sentir uma presença dentro de nós que nos guia, nos ama, nos ensina e nos encoraja. Neste aspecto pessoal o Universo pode revestir a aparência de um professor, um guia, um amigo, uma mãe, um pai, um amante, um criador, uma fada madrinha ou um génio. Noutros termos, tudo aquilo de que necessitamos e tudo aquilo que desejamos pode realizar-se através dessa conexão interior. Raramente nos sentimos sós. De facto, é muitas vezes na solidão física que encontramos uma comunhão mais intensa com o Universo. Nesses momentos, o vazio dentro de nós preenche-se de Luz. Sentimos, então, uma presença constante que nos guia, nos diz onde devemos ir e nos ajuda a aprender as lições em cada um dos passos do nosso caminho.

E quanto mais confiamos e seguimos essa “voz” interior, mais fácil, rica e apaixonante é a nossa vida.


Namasté

17.6.12

O sutra do Coração





O Sutra do Coração é um ensinamento do Bodhisattva Avalokitesvara, Buda da Compaixão, ao monge Shariputra. É cantado regularmente por seguidores do Budismo em reuniões e em práticas de meditação. Embora o Sutra do Coração seja muito breve contém os conceitos chave da filosofia budista. Estes incluem os skandhas, as quatro nobres verdades, o ciclo da interdependência e o conceito central do Budismo Mahayana: o vazio.


OM...

Homenagem à venerável Prajana Paramita!

Avalokiteshvara o Bodhisattva,
Em profunda meditação Prajana Paramita
Viu claramente a vacuidade da natureza dos cinco agregados*
E libertou-se de todo sofrimento e dor.


Ó Shariputra, forma não é senão vacuidade,
Vacuidade não é senão forma;


Forma é precisamente vacuidade,
Vacuidade é precisamente forma.
Sensação, percepção, impulso,
Conhecimento são também assim.


Ó Shariputra, todas as coisas são expressões da vacuidade.
Não nascidas não destruídas;
Não maculadas, não puras,
Sem crescimento sem declínio.
Assim na vacuidade não há forma,
Sensação, percepção, impulso nem consciência;
Não há olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo, mente;
Não há cor, som, odor, sabor, tacto, objeto;
Não há campo de visão nem campo de consciência;
Não há ignorância nem fim da ignorância.
Não há velhice e morte nem cessação da velhice e morte;
Não há sofrimento nem causa do sofrimento.
Não há caminho, não há sabedoria nem proveito.


Sem proveito, assim os Bodhisattvas
Vivem esta Prajana Paramita
Sem obstáculos na mente.
Sem obstáculos e por isso sem medo.
Muito para além das ilusões;
O Nirvana é aqui.
Todos os Budas passados, presentes e futuros
Vivem esta Prajana Paramita
E alcançam a suprema, perfeita iluminação.


Por isso deves saber que a Prajana Paramita é o sagrado mantra;
O mantra de grande sabedoria, o melhor mantra.
O mantra luminoso, o mantra supremo,
O mantra incomparável.
Que dissipa todo o sofrimento.
Isto é verdade.
Por isso pratica o mantra Prajana Paramita
Por isso pratica este mantra e proclama:


GATE GATE PARAGATE PARASAMGATE BODHI SVAHA!
 

(Gya-tei gya-tei Ha-ra gya-tei Hara so gya-tei Bo-ji-sowa-ka)

e significa algo como "Vai, vai, vai além, vai muito além - desperto - assim seja!"
 


Isto completa o Coração da Venerável Perfeição da Sabedoria.



* Os cinco agregados [da vida material]
 
Forma ou matéria: o mundo físico externo e o mundo interno constituido pelos orgãos. Exemplo: um fogão quente.
 
Sentimento ou sensação: sentir o objeto como agradável, desagradável ou neutro. Exemplo: a pele entra em contacto com o fogão quente.
 
Percepção ou conceituação: o objecto é reconhecido ou não (pelo cheiro ou som ou pela forma). Exemplo: a pele percepciona (pelo tato) que o fogão está quente.
 
Vontade ou impulso: hábitos mentais (pensamentos, ideias, opiniões, decisões) desencadeados pelo objecto. Exemplo: ao contacto da pele com o fogão quente o corpo afasta-se como reação.
 
Consciência ou discernimento: o mental está consciente do objeto (base da sua experiência). Exemplo: sentir o calor na pele e pensar "Ai!"

15.5.12

Alimentação e o Nível Vibratório







Manter uma energia elevada dentro de nós mesmo é impossivel se consumirmos matéria morta como comida. Entenda porque certos alimentos baixam nossa energia, comprometendo a nossa saúde e longevidade, dificultando a manutenção e o crescendo vibracional.

Para quem deseja compreender melhor a relação entre alimentação e o nível vibratório, transcrevo uma passagem do livro O Segredo de Shamballa, de James Redfield (Editora Casa das Letras). Redfield é mundialmente conhecido pelos seus escritos sobre a vida espiritual e as relações entre a experiência e a dimensão sagrada do universo. A Profecia Celestina, editada em 1993, é o seu livro mais conhecido e também mais traduzido: foi, aliás, durante dois anos, o título americano mais vendido em todo o mundo.



"A maioria das pessoas estão cheias de energia e entusiasmo na sua juventude, mas durante a meia-idade caem numa queda lenta que fingem não notar. Afinal de contas, os amigos também estão a a abrandar e os filhos são ativos, por isso passam mais tempo a preguiçar e a comer comidas que sabem bem. Dentro de pouco tempo, começam a ter queixas irritantes e problemos crónicos como dificuldades digestivas ou urticárias, que menosprezam como sendo sinais da idade, e depois um dia surge uma doença séria que se recusa a desaparecer. Geralmente vão a um médico que não enfatiza a prevenção e começam a tomar drogas. Umas vezes o problema alivia-se e outras não. E depois, enquanto os anos passam, apanham doenças que progressivamente ficam piores e compreendem que estão a morrer. O seu único consolo é pensar que isso acontece a toda a gente que é inevitável.

O mais terrível é que este colapso de energia acontece, até certo ponto, mesmo às pessoas que pretencdem ser espirituais. Se procurarmos uma energia mais elevada e, ao mesmo tempo consumirmos comida que nos priva dessa energia não chegaremos a lugar algum. Temos de avaliar todas as energias que rotineiramente recebemos nos nossos campos de energia, especialmente a comida, e evitar tudo o que não seja o melhor, se queremos que os nossos campos se mantem fortes.

Isto é difícil para a maioria das pessoas, porque estamos todos viciados nas comidas que atualmente consumimos. E estas são, na sua maioria venenos horríveis. Sei que há por aí muita informação contraditória em relação à comida. Mas a verdade também anda por aí. Todos nós temos de fazer essa pesquisa, obrigarmo-nos a ter uma visão mais ampla.

Somos criaturas espirituais que vieram a este mundo para aumentar a sua energia. mas boa parte daquilo que encontramos aqui foi criado simplesmente para o prazer sensual e a distracção, uma parte dessas coisas mina a nossa energia e arrasta-nos para a desintegração física. Se acredirarmos realmente que somos criaturas de energia, temos de seguir um carreiro estreito por entre estas tentações. Se olhar o princípio da evolução, verá que desde o início tivemos de experimentar as comidas unicamente por tentativa e erro, apenas para descobrir quais os alimentos que eram bons para nós e quais nos matariam. Come esta planta e sobrevive, come aquela além e morre. Neste ponto da história já sabemos o que nos mata, mas estamos apenas a descobrir quais os alimentos que aumentam a nossa longevidade e mantêm os nossos níveis de energia altos e quais os que acabam pos nos desgastar.

Em Shambhala eles têm esta visão mais ampla. Eles sabem quem nós somos, enquanto seres humanos. Parecemos uma coisa material, de carne e osso, mas somos átomos! Energia Pura! A vossa ciência já provou esse facto. Quando olhamos bem para os átomos, vemos primeiro partículas e depois, a níveis mais profundos, as próprias partículas desaparecem em padrões e pura energia, vibrando a um certo nível. E se olharmos para aquilo que comemos por esta prespectiva, vemos que aquilo que damos ao nosso corpo como comida afecta o nosso estado vibracional Certos alimentos aumentam a nossa energia e vibração, outros diminuem-nas. A verdade é tão simples quanto isto.

Todas as doenças resultam de uma queda na energia vibracional e, quando essa energia desce abaixo de um certo ponto, há forças naturais do mundo cuja função natural é desincorporar os nossos corpos.

- Quer dizer, desincorporar fisicamente?

Sim. Olhe novamente para a visão mais ampla. Quando alguma coisa morre, um cão atropelado por um carro, ou uma pessoa depois de uma longa doença, as células do seu corpo perdem imediatamente a sua vibração e ganham uma composição química muito ácida. Esse estado ácido é o sinal para os micróbios do mundo, os vírus, bactérias e fungos, indicando-lhes que está na hora de decomporem o tecido morto. è essa a sua função no universo físico. devolver um corpo à Terra.

Eu disse anteriormente que, quando os nossos corpos perdem energia por causa do tipo de comida que consumimos, isso nos torna susceptíveis à doença. Aqui está como isso funciona. Quando comemos os alimentos, estes são metabolizados e deixam um resíduo ou cinza nos nossos corpos. Esta cinza tem uma natureza ácida ou alcalina, dependendo do alimento. Se for alcalina, então pode ser extraída rapidamente dos nossos corpos, gastando pouca energia. Contudo, se estes produtos residuais são ácidos, só muito dificilmente são eliminados pelo sangue e pelo sistema linfático e ficam armazenados nos nossos orgãos e tecidos, como sólidos - formas cristalinas de baixa vibração que criam bloqueios ou perturbações nos níveis vibracionais das  nossa células. Quanto mais resíduos ácidos destes forem armazenados, mais esses tecidos ficam ácidos e sabe o que acontece?

Aparece um micróbio de algum tipo, sente todo este ácido e diz «oh, este corpo está pronto para ser decomposto». Está  a perceber?
Quando qualquer organismo morre, o seu corpo, transforma-se num ambiente altamente ácido e é rapidamente consumido pelos micróbios. Se começarmos a parecermo-nos com ácido, ou estado mortal, então começamos a sofrer o ataque dos micróbios. Todas as doenças humanas resultam deste ataque.

- Está a dizer-me que aquilo que comemos prepara-nos directamente para a doença?

Sim, os alimentos errados podem baixar o nosso nível vibracional, até um ponto em que as forças da natureza começam a devolver os nossos corpos à terra. Todas as doenças surgem por acção dos microbios. As vossas próprias pesquisas no Ocidente estão a mostrar isso. Vários microbíos foram associados às lesões arteriais das doenças cardíacas, bem como à produção de tumores cancerígenos. Mas lembrem-se, os micróbios estão apenas a fazer o seu papel. As dietas que criam um ambiente àcido são a verdadeira causa.

Comprenda isto bem. Nós, humanos, ou estamos num estado alcalino de grande energia ou num estado ácido, que diz aos micróbios dentro de nós, ou que passam perto, que estamos prontos para sermos decompostos. A doença é, literalmente, um apodrecimento de uma parte dos nossos corpos, porque os micróbios à nossa volta receberam o sinal de que já estamos mortos.

Desculpe ser tão directo, mas não temos muito tempo. A comida que consumimos determina quase por completo qual daquelas duas situações é a nossa. Greralmente, os alimentos que deixam resíduos ácidos no nosso corpo são mais pesados, muito cozinhados, muito tratados e doces, tais como carnes, farinhas, álcool, café e frutas mais doces. Os alimentos alcalinos são mais verdes, mais frescos e mais vivos, tais como os vegetais frescos e os seus sucos, saladas, rebentos e frutos como o abacate, o tomate, a toranja e os limões. Não podia ser mais simples. Somos criaturas espirituais num mundo energético e espiritual. Vocês, os ocidentais, podem ter crescido a pensar que a carne cozinhada e os alimentos tratados são bons para nós. Mas nós sabemos agora que eles criam um ambiente de lenta desincorporação que, com o tempo, nos cobra a sua factura.

Todas as doenças debilitantes que atormentam a humanidade: arterosclorose, enfarte, artrite, sida e, especialmente, o cancro existem porque nós poluimos os nossos corpos, dando sinal aos micróbios dentro de nós de que estamos prontos para decair, perder energia e morrer. Sempre quisemos saber porque algumas pessoas, expostas aos mesmos micróbios, não apanhavam uma dada doença. A diferença está no ambiente dentro do nosso corpo. A boa notícia é que, mesmo que tenhamos demasiada acidez no nosso corpo e comecemos a decompormo-nos, a situação pode ser invertida se melhorarmos a nossa nutrição e mudarmos para um estado alcalino, de maior energia.

No que diz respeito aos princípios de um corpo vibrante e cheio de energia, vivemos na idade das trevas. É suposto os seres humanos viverem mais de cento e cinquenta anos. Mas comemos de uma forma que imediatamente começa a destruir-nos. Po outro lado, vemos pessoas a desincorporarem-se perante os nossos olhos. Ms não tinha de ser assim.

Portanto aí tem. As lendas dizem que os humanos aprenderão primeiro a verdadeira natureza dos alimentos e que tipos consumir. Depois, segundo as lendas, podemos abrirmo-nos completamente às fontes interiores de energia que aumentam ainda mais a nossa vibração."




"Em toda parte vemos pessoas que estão se decompondo diante dos nossos olhos. Mas não precisa ser assim"

Zhannko Idhao Tsw

Tao The Ching - O livro do Caminho Perfeito





A tradição

Diz que o livro foi escrito em cerca de 600 a.C. por um sábio que viveu na Dinastia Zhou chamado Lao Tzi ("Velho Mestre"), como um livro de provérbios relacionados com o Tao , e que acabou servindo como obra inspiradora para diversas religiões e filosofias, em especial o Taoísmo e o Budismo Chan (e sua versão japonesa o Zen).  Lao Tsé, também escrito Laozi, Lao Tzu, Lao Tzé, Láucio, Lao Tzi, Lao Tseu ou Lao Tze foi um famoso filósofo e alquimista chinês.Sua imagem mais conhecida o representa sobre um búfalo, o processo de domesticação deste animal é associado ao caminho da iluminação nas tradições zen budistas.


Introdução

O Tao Te Ching é um texto profundo e ao mesmo tempo simples porque apresenta por meio da linguagem aquilo que se experimenta na sua ausência. A profundidade é o próprio caminho do mistério, a experiência do sagrado que corresponde à vivência espiritual. A simplicidade, um dos três tesouros dos ensinamentos de Lao Tse, conduz à naturalidade que orienta o indivíduo no macrocosmo. Portanto, a leitura do Tao Te Ching implica um desafio: esvaziar-se e ser natural como a água que flui no vale. O desvendamento do texto deve fluir gradualmente, levando à contemplação de suas palavras. Se estas não parecem suficientemente claras, isso se deve ao fato de a sociedade contemporânea, na qual prolifera o pensamento, dificultar a ampliação da consciência. Nesse contexto, a contemplação já é por si um ato transgressor.


Capitulos



I O TAO

O caminho que pode ser seguido não é o Caminho Perfeito.
O nome que pode ser dito não é o Nome eterno.
No princípio está o que não tem nome.
O que tem nome é a Mãe de todas as coisas.
Para que possamos observar seus segredos devemos permanecer sem desejos.
Mas se em nós mora o desejo, a única coisa que podemos contemplar é a sua forma externa. A casca que a essência oculta. Esses dois estados existem para sempre inseparáveis. Diferente unicamente em nome. Conjuntamente idênticos, unidos, integrados. São os chamados Mistérios!
Mistério além dos mistérios. O Portal que conduz a tudo aquilo que é sutil e maravilhoso ao recôndito segredo de todas as essências.

II O ENCONTRO DOS OPOSTOS

Todos no mundo reconhecem o belo como Belo e, desta forma, sabem o que é o Feio.
Todos no mundo reconhecem o bem como o Bem e, desta forma, sabem o que é o Mal.
Assim, o ser e o não-ser geram-se mutuamente.
O longo e o curto se delimitam; O alto e o baixo se inclinam
O tom e o som se harmonizam; O antes e o depois seguem-se um ao outro.
Assim o sábio executa suas tarefas sem agir e transmite ensinamentos sem usar palavras.
Todas as coisas agem, e ele não lhes nega auxílio. Produz sem apropriar-se de coisa alguma. Realiza sua tarefa e não pede gratidão e é justamente porque não se apega que o mérito jamais o abandona e suas obras meritórias subsistem.

III A TRANQÜILIDADE SUPREMA

Quando não glorificamos os homens de valor evitamos  a rivalidade entre as pessoas.
Quando não valorizamos os artigos difíceis de obter, estamos impedindo que sejam roubados.
Eliminando o que possa provocar desejos, os homens permanecem sem perturbações mentais.
Portanto, ao governar, o sábio esvazia a mente do seu povo. À medida que lhe enche a barriga e lhes fortalece os ossos sua vontade enfraquece.
Mantém sempre o povo isento de conhecimento e livre do desejo. Para que o inteligente nunca ouse agir, pois quando nos abstemos da ação reina suprema a boa ordem universal.

IV A FONTE DE TUDO

O Caminho é vazio e inesgotável, profundo como um abismo.
É como se fosse o ancestral das dez mil criaturas.
Suavizai o corte, desfazei os nós, diminuí o brilho, deixai que as rodas percorram os velhos sulcos.
Devemos considerar nosso brilho a fim de que nos harmonizemos com a escuridão dos outros. Como é puro e tranqüilo o Caminho!
Não sei de quem possa ser filho pois parece ser anterior ao Soberano do Céu.

V O USO DO VAZIO

O céu e a terra não são humanos. Não têm qualquer piedade. Para eles, milhares de criaturas são como cães de palha que serão destruídos no sacrifício.
O sábio não tem predileções; é impiedoso ao tratar com as pessoas como cães de palha.
Não será  o espaço entre o céu e a terra como um gigantesco fole? Esvazia-se sem exaurir-se. Inesgotável.
Quanto mais trabalha, mas alento produz.
Muitas palavras se esgotam sem cessar e conduzem inevitavelmente ao silêncio.
Aferrando-nos ao vazio protegemos o nosso ser interior e o mantemos livre.

VI FORÇA MISTERIOSA

O espírito das profundezas do vale é imperecível; é chamado o mistério feminino. A Porta da Fêmea Misteriosa é a Raiz da qual crescem o céu e a terra. Fracamente visível, seu poder inexaurível permanece. A Fêmea misteriosa dura perpetuamente; o seu uso, entretanto, jamais a esgotará.

VII PERFEIÇÃO SUPREMA

O céu e a terra são imperecíveis. Se são imperecíveis é  porque não dão vida a si mesmos. E assim sendo têm longa duração.
Por isso, o sábio coloca-se em último lugar e chega na frente de todos. Quando esquece suas finalidades egoístas conquista a perfeição que nunca buscou.

VIII O PONTO DE EQUILÍBRIO

A virtude suprema é como a água.
A água e a virtude são benfazejas a milhares de criaturas. Ocupam os lugares mais baixos, que os homens detestam, acomodam-se onde ninguém quer permanecer.
Por esse motivo são comparáveis ao Caminho.
Numa casa, o que mais importa é a localização. Num aliado, a benevolência. Na palavra, a boa-fé. No governo, a ordem. Nos negócios, a habilidade. Na ação, o atemporal. Mas o sábio nunca luta por essa razão é inatacável.

IX O CAMINHO DO CÉU

É melhor não encher totalmente um vaso do que tentar carregá-lo se estiver cheio.
Quando afiamos demasiadamente uma faca, seu gume não se conservará.
Quando o ouro e o jade enchem um salão, seus donos não poderão manter a segurança.
Quando a riqueza e as honrarias conduzem à arrogância decerto o mal virá logo a seguir.
Quando fizermos o nosso trabalho e o nosso nome começar a celebrizar-se,  a sabedoria consiste em recolhermo-nos à obscuridade, assim que a tarefa terminar.
Este é o caminho do Céu!

X QUALIDADE MISTERIOSA

Mantém a alma sensível e o corpo animal numa unidade para que não possam separar-se.
Controla a força vital, a fim de que te transformes novamente numa criança recém-nascida.
Quando afugentares as visões misteriosas de tua imaginação poderás, então, tornar-te sem mácula.
Purifica-te e não procures respostas intelectuais para o Mistério.
Amando o povo e governando o Estado, poderemos deixar de agir?
Quando se abrem e fecham os portões do Céu, conseguiremos desempenhas o papel feminino?
Quando o discernimento penetra as quatro regiões, talvez não conheças aquilo que dá vida e a sustém.
Aquilo que dá vida não reclama qualquer posse. Beneficia, mas não exige gratidão. Comanda, mas não exerce autoridade. Eis a chamada “qualidade misteriosa”.

XI A VIRTUDE DO VAZIO

Trinta raios unem-se no cubo formando uma roda. Mas é seu vazio central que permite a utilização do carro.
Modelai o barro para fazer um jarro. Recortai no espaço vazio das paredes portas e janelas a fim de que um quarto possa ser usado.
Dessa forma o ser produz o útil mas é o não-ser que o torna eficaz.

XII A REPRESSÃO DOS DESEJOS

As cinco cores cegam os olhos humanos. As cinco notas ensurdecem os ouvidos. Os cinco gostos injuriam o paladar. As corridas e as caçadas desencadeiam no coração paixões furiosas e selvagens.
Os bens de difícil obtenção causam ferimentos diante de perigosos obstáculos. Por esse motivo o sábio ocupa-se do interior e não da exterioridade dos sentidos.
Ele rejeita o superficial e prefere mergulhar no profundo.

XIII A RELATIVIDADE DO TAO

O sucesso e a desgraça são sempre acompanhados pelo medo. As honrarias e tribulações podem ser consideradas como condições pessoais da mesma espécie.
Por que afirmar que o sucesso e a desgraça são seguidos pelo medo?
A desgraça é estar numa posição inferior depois de sentir o gosto da vitória. Quando obtemos o sucesso, nos vêm o medo de perdê-lo e então tememos as maiores calamidades.
Este é o sentido da afirmação de que o sucesso e a desgraça são acompanhados pelo medo.
E o que significa a afirmação de que as honrarias e tribulações são condições pessoais da mesma espécie? O que me torna passível de grandes calamidades é possuir um corpo que considero meu. Se não possuísse tal corpo, que infelicidade poderia atingir-me? Eis a razão por que aquele para o qual o império é tão precioso como sua própria pessoa pode conquistá-lo.
E quem o ama tanto como a si mesmo pode ser digno de sua direção suprema.

XIV A MANIFESTAÇÃO DO MISTÉRIO

O que não pode ser visto chamamos invisível. O que não pode ser escutado, inaudível. Quando tocamos e não sentimos, dizemos que é impalpável.
Esses três objetos não podem ser sondados desta forma, confundem-se e são considerados como o uno.
A sua parte superior não é brilhante, a sua parte inferior não é obscura. Incessante é sua ação, mas mesmo assim não podemos dar-lhe nome. Sua origem está lá onde não existe qualquer ser. Sua forma é sem forma, sua figura sem figura. Ele é o indeterminado.
Indo ao seu encontro vemos a sua face. Seguindo-o não lhe vemos as costas.
Quando trilhamos o Caminho Perfeito de outrora podemos dirigir as coisas da época atual. Poder conhecer o começo do passado é segurar firmemente o fio do Tao.

XV A EXIBIÇÃO DA QUALIDADE

Os sábios perfeitos da Antigüidade eram misteriosos, sobrenaturais, penetrantes, profundos demais para serem compreendidos pelos homens.
Não podendo ser compreendidos, errônea será toda descrição. O que deles podemos dizer é apenas uma pálida aproximação da realidade.
Eram atentos como o homem que cruza o tormentoso rio em pleno degelo depois do inverno. Prudentes como aquele que é hóspede de alguém muito cerimonioso. Evanescentes como o gelo ao derreter. Despretensiosos como a madeira bruta que não recebeu qualquer forma das mãos humanas.
Livres como o vale! Turvos como a água enlameada.
Quem pode, pela serenidade, purificar, pouco a pouco, o que é impuro?
Quem pode tornar-se calmo e assim para sempre permanecer?
Aquele que segue o Caminho Perfeito não deseja estar cheio de coisa alguma.
E por não estar cheio (de si mesmo) pode parecer que está gasto, inútil e desprovido da perfeição temporal dos homens.

XVI RETORNO À RAIZ

Podemos obter o estado de vazio quando com fervor nos assentamos no repouso;
Todas as coisas entram em seus processos de atividade e depois voltam a absorver-se no repouso. No mundo vegetal, ao atingirem as formas a máxima plenitude, vemo-las, aos poucos, retornarem às suas origens. Esse retorno à raiz chama-se estado de tranqüilidade.
Essa tranqüilidade é uma prova, um sinal de que finalmente conseguiram atingir sua meta suprema.
O retorno ao próprio destino é uma constante; conhecer essa lei é mostrar-se inteligente., não conhecê-la leva a maus resultados.
O conhecimento dessa regra imutável nos torna magnânimos e aquele que é magnânimo é, na verdade, um rei. Assemelha-se ao céu pois seguiu o Caminho Perfeito e com o Tao se uniu. Assim permanece para sempre.
E quando o dia chegar, e seu corpo desaparecer, já nenhum perigo o espera.

XVII A INFLUÊNCIA INALTERADA

O povo não conhecia a existência dos grandes governantes antigos.
Depois vieram aqueles que o povo amava e honrava; a seguir, surgiu o medo e, por fim, o desprezo popular aos que se intitulavam governantes.
Quando a confiança é limitada, não há confiança alguma.
Como pareciam irresolutos os governantes de ontem, ao mostrar nas reticências a pouca importância das palavras!
As obras meritórias multiplicavam-se, os negócios prosperavam. E as famílias afirmavam em coro: “Graças a nós é que as coisas estão assim perfeitas!”

XVIII A DECADÊNCIA

Quando o Caminho Perfeito foi abandonado, a benevolência e a correção entraram em moda e a hipocrisia foi geral.
Quando não mais prevalece a harmonia, as seis relações surgem.
O amor aos pais e a piedade filial são as pseudovirtudes. Os Estados sofrem então com a corrupção e a desordem e começam a aparecer, em grande quantidade, os funcionários fiéis.

XIX VOLTA À SIMPLICIDADE

Se pudéssemos renunciar à nossa sabedoria, à virtude feita à nossa moda, isso seria de grande benefício para todos que nos cercam.
Se pudéssemos abolir nossa “benevolência” e “correção”, as pessoas poderiam voltar a ser amáveis e bondosas.
Se pudéssemos abandonar nossas artimanhas e abafar o desejo constante de enriquecer, não mais haveria ladrões nem malfeitores.
Devemos ser simples, desataviados, naturais, reduzindo os desejos juntamente com o egoísmo.

XX O HOMEM DIFERENTE

Exterminado o conhecimento, não haverá mais desgostos.
Entre o sim e o não, que grande diferença existe? Entre o bem e o mal, qual a distância? O que todos os homens temem deve se temido mas que imensas e infindas são as discussões que se seguem! A multidão de homens parece satisfeita, está cheia de ardor, exaltada como num festim semelhante ao que fazem os que escalam as montanhas na primavera.
Somente eu estou calmo, tranqüilo, meus desejos não deram qualquer indício da sua presença. Sou como um recém-nascido que ainda não sorriu.
Pareço abandonado, errante, sem finalidade! Os outros homens possuem o supérfluo, só eu sou por todos deserdado.
O homem da multidão julga-se iluminado, enquanto eu na penumbra estou mergulhado. O homem da multidão julga-se infalível, perspicaz, somente eu, dobrado sobre mim mesmo, sou móvel como o oceano, sempre a flutuar. A multidão torna-se útil, somente eu sou inapto, tal um pária abandonado.
Eu, sozinho, sou diferente de todos os homens porque venero profundamente a mãe que a todos alimenta (o Tao).

XXI O CORAÇÃO VAZIO

Em cada movimento, o homem sábio segue o Caminho Perfeito. Somente este caminho contém a Grande Virtude.
Qual a natureza do Tao? Deste Tao que com o Caminho Perfeito se confunde?
Nele encontramos uma imagem vaga e sombria, uma substância escura e indefinida. Dentro dela há uma essência, uma essência totalmente genuína e lá existe algo que poderá ser testado do presente à mais remota Antigüidade.
O seu nome nunca foi esquecido. Dele procedem as propriedades de tudo o que existe. Como sei eu que essa é a origem de tudo o que existe?  Por aquilo!

XXII A CRESCENTE HUMILDADE

O incompleto será completado. O curso. endireitado; o vazio, preenchido; o gasto, renovado; o insuficiente, aumentado; o excessivo, dissipado.
É por essa razão que o sábio abraça a Unidade tomando-a por modelo do universo. Como nunca se põe em evidência, brilha; como nunca se vangloria, tem mérito; porque nunca luta, ninguém a ele se opõe.
A frase dos antigos dizia: Aquele que é incompleto será completado. Será uma frase vã? No fim tudo retorna à perfeita integrada.

XXIII O VAZIO ABSOLUTO

Falar pouco é ser natural. É a marca dos que obedecem a espontaneidade de sua natureza. Um violento furacão não pode durar para sempre, como poderá o homem consegui-lo?
Essa é a razão pela qual o homem segue o Caminho. Um homem no caminho adapta-se ao Caminho. Um homem na virtude adapta-se à Virtude. Um homem que perde alguma coisa conforma-se à Perda. Aquele que se conforma com o Caminho é alegremente aceito por ele. Aquele que é virtuoso é aceito pela virtude. Aquele que se conforma com a perda é aceito pela Perda.
Quando não existe bastante fé, há falta da verdadeira Fé.

XXIV POSIÇÕES INCÔMODAS

Quem fica na ponta do pé não tem firmeza; aquele que abre as pernas demais não anda facilmente.
Da mesma forma, o que se mostra não brilha. Quem defende seus pontos de vista com obstinação não é cortês.
O homem que se vangloria não tem seu mérito reconhecido. Quem é orgulhoso não possui a superioridade que pretende ter.
Tais condições, do ponto de vista do Tao, são como remanescentes de comida, de um tumor no corpo e de tudo que é excrescente.
Por essa razão, aqueles que seguem o Caminho Perfeito não as adotam, nem permitem que existam.

XXV AS FACES DO MISTÉRIO

Existe algo indefinido e completo, que nasceu antes do céu e da terra. Como é calmo e informe, solitário e imutável, e tudo atinge sem se exaurir!
Deve-se considerá-lo a Mãe de todas as coisas. Não sei o seu nome e, na falta dele, eu o chamo de Tao (O Caminho Perfeito).
Fazendo um esforço maior para lhe dar um nome, posso chamá-lo de Grande.
Grande ele passa, no seu constante fluir. Ao passar, torna-se distante. Portanto, o Tao é Grande. O céu é Grande, a terra é Grande e o sábio também é Grande.
No universo são quatro os Grandes. O sábio é um deles. O homem toma a sua lei da terra, a terra do céu, o céu toma sua lei do Tao. A lei do Tao é ser o que é.

XXVI O PESO DA GRAVIDADE

O denso está na raiz da leveza, a inércia, no movimento.
Eis por que o sábio príncipe, de madrugada à noite, não perde a serena gravidade. Apesar das glórias e honrarias, permanece desapegado e indiferente a elas.
Por que os senhores de milhares de carruagens dão mais importância a si mesmos do que ao império?
Se agem superficialmente perdem a raiz, se agem violentamente perdem seu trono.

XXVII O CAMINHO SEM RASTRO

O viajante hábil não deixa rastro de sua passagem. O orador perfeito nada diz em que se possa encontrar falha. O exímio calculador não precisa fazer contas. O perito guardião tudo fecha sem necessidade de barras ou parafusos, e o que ele fecha é impossível abrir.
Similarmente, o sábio está sempre salvando os homens e a ninguém tenta salvar. Esta capacidade se denomina “ocultar a luz na atividade”. Portanto, o sábio é um mestre para os não virtuosos, da mesma forma que o vulgar é o material que o sábio trabalha.
Não amar o Mestre que nos auxilia, não venerar a quem nos presta serviço, é sinal de extrema confusão. Isso se chama Mistério completo e profundo.

XXVIII A SIMPLICIDADE ORIGINAL

Quem conhece a força de sua masculinidade e, todavia, mantém sua flexibilidade feminina; quem conhece a força, mas guarda a doçura, assemelha-se a um vale do império. A virtude eterna jamais o abandona. Torna-se como uma criança.
Aquele que conhece a sua luz, mas guarda a sua obscuridade, é o modelo do império. Sendo o modelo do império, a virtude eterna não mais vacila, e ele se torna ilimitado.
Aquele que conhece a glória e permanece no opróbrio torna-se um vale do mundo. Sendo um vale do mundo, a virtude eterna nele brota, e ele atinge a simplicidade original. Foi essa simplicidade que formou todas as coisas. É como uma rocha inteiriça de onde surgem várias formas de vasos de pedra. O sábio nada faz sem simplicidade, ele dirige com nobreza e a ninguém prejudica. Esta é a regra do “retorno à simplicidade original”.

XXIX A AÇÃO SEM VIOLÊNCIA

Quem pretende conquistar o Reino para si e com esse objetivo agir constantemente, decerto não o conseguirá. O Reino é uma coisa espiritual, que não se pode obter pela constante ação. Aquele que assim fizer, estará destruindo-o; quem o segura, acabará perdendo-o. O curso da natureza das coisas é de tal forma que o que está agora de frente torna-se o reverso, o aquecido em pouco tempo esfriará. Alguns são fortes, outros são fracos, alguns destroem, outros são destruídos.
O sábio, portanto, evita os excessos, a extravagância e a arrogância.

XXX ADVERTÊNCIA CONTRA A GUERRA

Aquele que está perto do Soberano e em harmonia com o Tao não mostra sua força ao Reino pela quantidade de suas armas. A força logo terá a força contra si. Onde acampa uma tropa, o campo desaparece e, em pouco tempo, os espinhos nascem onde havia flores. E logo a seguir irromperão as guerras.
O virtuoso atinge sua meta sem utilizar a força. Conquista sem infringir sofrimento, sem destruir, sem orgulho, sem explorar o próprio sucesso, e depois pára. Vence sem violência.
Quando os homens usam a força bruta envelhecem, pois ela se opõe ao Tao, e tudo o que se opõe ao Tao perece prematuramente.
Essa é a “advertência contra a guerra”.

XXXI ACALMANDO A GUERRA

As mais belas armas são instrumentos de infelicidade. São odiosas a todas as criaturas. Aqueles que seguem o Tao não as empregam jamais.
O homem superior considera normalmente o seu lado esquerdo o lado de honra, mas em tempo de guerra é o direito.
Todas as armas são instrumentos do mal, não sendo em absoluto, instrumentos do sábio príncipe. Ele as usa somente quando premido pela necessidade. A calma e o repouso são o que ele valoriza; a vitória pela força das armas lhe é indesejável. Considerá-la necessária é sinal de que o homem em prazer com a matança de outros homens, e aquele que se compraz com tal matança não poderá dirigir um império. Nos momentos festivos o lado esquerdo é o mais importante, nos acontecimentos infaustos, o lado direito. O segundo general em comando fica à esquerda do príncipe, o general comandante à direita do monarca. O seu lugar é à direita, pois aquele que matou milhares de homens deve chorar por eles com maior dor. O general vencedor se encontra assim colocado por haver causado a morte e o sofrimento de tantos seres.

XXXII A SÁBIA VIRTUDE

O Tao é imutável e não tem nome. Embora originariamente seja algo diminuto, tornará invulnerável aquele que o possua. Se um príncipe feudal ou um rei o obtiverem, todos, espontaneamente, a eles se submeterão.
Tomando-o por guia, o céu e a terra unem-se e deixam escorrer um doce orvalho que atinge igualmente todas as coisas.
Tão logo começa a agir, tem um nome. E tendo um nome, em seu seio os homens podem encontrar a paz. Quando sabem como nele repousar, libertar-se-ão de todo o erro. A relação do Tao com o mundo é como a dos grandes rios e mares para onde correm todas as águas dos vales.

XXXIII A DISCRIMINAÇÃO

Aquele que conhece os homens é inteligente. Aquele que conhece a si mesmo é iluminado. Aquele que vence os homens é forte. Aquele que vence a si mesmo é realmente poderoso. Aquele que está satisfeito com o que tem é rico. Aquele que age com energia tem vontade firme. Aquele que não falha nos requisitos de sua posição continua. Aquele que morre e, todavia, não perece, atinge a imortalidade.

XXXIV A TAREFA DA CONQUISTA

O grande Tao está em tudo e a sua potência irradia-se em todas as direções.
Os dez mil seres dele dependem para nascer e viver. Quando o trabalho é realizado, ele não apregoa que foi seu autor. Cobre tudo com um manto e não faz valer sua posição de senhor. Poderá, entretanto, nas menores coisas ser encontrado. Todos os seres retornam a sua raiz e desaparecem sem saber quem preside seus destinos. Ele pode ser encontrado nas grandes coisas. Eis por que o sábio pode realizar grandes conquistas: é não se fazendo grande que consegue realizá-las.

XXXV O ATRIBUTO DA BENEVOLÊNCIA

Apegai-vos à Grande Idéia (do Tao), e o mundo avançará.
Avançará sem dores, na paz, na serenidade, na abundância.
A música e as iguarias farão o viajante parar por algum tempo. O que vem do Tao não agrada ao paladar, pois é insosso. Olhamo-lo, mas não o vemos. Ouvimos o seu chamado, mas não o entendemos. Mas se recorrermos a ele, o seu uso é inexaurível.

XXXVI SUAVIZANDO A LUZ

Quando inspiramos, decerto houve antes uma expiração. Quando quisermos enfraquecer alguém, devemos primeiro fortificá-lo. Se pretendermos derrotá-lo, devemos primeiro elevá-lo. Se tencionarmos despojá-lo, devemos primeiro dar-lhe presentes. Este é o chamado sutil discernimento.
Assim, os submissos e os fracos conquistarão os duros e fortes. Os peixes não devem deixar a profundidade das águas. Os instrumentos de poder de um Estado não devem ser a ninguém revelados.

XXXVII O EXERCÍCIO DO GOVERNO

O Tao nunca age e, entretanto, nada deixa por fazer. Se os príncipes e os reis a ele seguissem, as dez mil coisas se transformariam por si mesmas.
Se após a transformação, o desejo levantasse a cabeça bastaria abaixa-la sob pressão da Simplicidade e da Retidão.
A Simplicidade os impregnaria e, sem desejo, eles encontrariam a paz e o universo por si mesmo se retificaria.