Cada um de nós tem uma energia masculina e uma energia feminina. Um dos maiores desafios que enfrentamos neste mundo consiste em desenvolver plenamente estas energias, para permitir uma interacção harmoniosa.
As filosofias orientais incluíram sempre os conceitos de yin (feminino/receptivo) e yang (masculino/activo), afirmando que tudo no universo é feito a partir destas duas forças. No ocidente, Carl Jung fez um trabalho pioneiro e apaixonante com os conceitos de anima e animus. Ele explica que os homens tem um aspecto feminino (anima) e as mulheres um aspecto masculino (animus), que a maior parte de nós reprime fortemente e que devemos aprender a viver com eles. Ele e os seus seguidores fizeram um óptimo trabalho utilizando sonhos, mitos e símbolos para ajudar os homens e mulheres a reencontrar a parte deles que tinham perdido ou negado.
Numerosos filósofos, psicólogos, poetas, dramaturgos e artistas exprimiram a ideia de energia masculina e feminina no homem e em todas as coisas.
Algumas pessoas têm resistência às palavras “masculino” e “feminino” porque na nossa cultura temos muitas ideias preconceituosas acerca daquilo que estas palavras significam, uma grande “carga” emocional associada a elas. Se preferir substitua os termos yin e yang por outros que lhe pareçam mais convenientes.
O nosso lado feminino é o nosso eu intuitivo. Esta é a parte de nós mais profunda e mais sábia. É a energia feminina, tanto para os homens como para as mulheres. É o aspecto receptivo, a porta aberta através da qual a inteligência superior do universo pode fluir, a parte receptiva do canal. O nosso lado feminino comunica connosco através da intuição – essa incitação interior, sentimentos ou imagens surgidas das nossas profundezas. Se não lhe prestarmos conscientemente atenção no nosso estado de vigília, ela tentara falar-nos através dos sonhos, das emoções e do nosso corpo físico. Ela é a fonte de sabedoria superior dentro de nós e se aprendermos a ouvi-la atentamente, em cada momento, elas irá conduzir-nos na perfeição.
O aspecto masculino corresponde á acção – a nossa capacidade de fazer as coisas no mundo físico – pensar, falar, mover o corpo. De novo, quer você seja homem ou mulher, a sua energia masculina é a capacidade de agir. É a parte transmissora do canal. O lado feminino recebe a energia criativa universal o lado masculino exprime-a no mundo através da acção; é assim que obtemos o processo criativo. O nosso aspecto feminino é inspirado por um impulso criativo que nos é comunicado sob forma de um sentimento e o nosso aspecto masculino age em função dele, falando, movimentando-se ou fazendo o que é necessário.
Por exemplo, um artista pode acordar com uma ideia inspiradora para pintar (uma imagem comunicada pelo lado feminino) e, imediatamente vai para o seu atelier, pega no seu pincel e começa (acção empreendida pelo lado masculino).
Uma mãe sente-se repentinamente preocupada com o seu filho (um aviso feito pelo lado feminino), corre para a outra divisão da casa e retém o seu filho que ia queimar-se no fogão (acção empreendida pelo lado masculino). Um homem de negócios pode sentir um impulso de contactar um determinado associado (orientação do lado feminino), fazer a chamada, (acção empreendida pelo lado masculino) e lançar-se numa nova transacção.
Em todos os casos em que os aspectos interiores do masculino e do feminino funcionaram numa união criativa, existiu criação – um quadro, uma criança salva, a concretização de um negocio – o simples facto de ter fome e ir à cozinha preparar algo para comer, ilustra este processo. A união das energias feminino e masculino no individuo é a base de toda a criação. Intuição feminina mais a acção masculina é igual a criatividade.
Para ter uma vida harmoniosa e criativa é necessário ter tanto a energia feminina como a masculina totalmente desenvolvidas e a funcionar correctamente em conjunto. Para integrar completamente o masculino e o feminino interior, deve-se dar o papel de liderança ao lado feminino. É a sua função natural. Ele é a sua intuição, a porta para a inteligência superior. O seu lado masculino escuta e age de acordo com os sentimentos do seu lado feminino. A verdadeira função da energia masculina é agir com absoluta clareza, de uma maneira directa e com uma força impetuosa, apoiando-se naquilo que o universo em si lhe diz através do seu lado feminino.
O lado feminino diz “Eu sinto isto”. O lado masculino responde “Estou a escutar os teus sentimentos. O que queres que eu faça?” O primeiro diz: “Quero isto”. O segundo responde: “Queres isto? De acordo, perfeito, vou busca-lo para ti”. E vai directamente satisfazer o seu pedido, com a certeza absoluta de que no seu desejo reside a sabedoria do universo. A natureza do feminino é sabedoria, amor, e clarividência expressa através dos sentimentos e desejos. A natureza do masculino é arriscar tudo na acção ao serviço do feminino, tal como o cavaleiro pela sua donzela.
Quando estas duas energias estão em harmonia e funcionam em conjunto, a sensação é incrível: um canal sólido, aberto, criador, através do qual circulam o poder, a paz e o amor.
O antigo masculino e o antigo feminino
Infelizmente não aprendemos a deixar funcionar naturalmente as nossas energias masculina e feminina, numa relação adequada de uma para a outra. Na nossa cultura aprendemos a utilizar a nossa energia masculina (a nossa capacidade de pensar e agir) para suprimir e controlar a nossa intuição feminina, mais do que para apoiar ou exprimir.
A este uso tradicional da energia masculina chama-mos “antigo masculino”, que existe igualmente em homens e mulheres, apesar de ser frequentemente mais evidente e exteriorizado nos homens e mais subtil e interiorizado nas mulheres. O masculino antigo é essa parte de nós que quer manter o controlo. O poder feminino aterroriza-o porque não se quer entregar ao poder do universo. Está com medo de perder a sua identidade individual e entregar-se. Podemos também chamar-lhe Ego: a sua função é preservar a todo custo a individualidade e a separação. Recusa, portanto, o poder do feminino que é uma força vocacionada à fusão e à unidade.
Na relação com o masculino antigo, o feminino não tem poder algum no mundo. Ele não tem poder para agir directamente no mundo físico sem o suporte da acção masculina. O seu poder reprimido deve manifestar-se indirectamente através de comportamentos manipuladores, sintomas físicos ou de maneira inesperada ou desordenada – explosão de emoções ou mesmo (em casos extremos) actos de violência.
Pode constatar que homens e mulheres representaram estes papéis exteriormente. Tradicionalmente ensina-se ao homem a renegar e reprimir o seu lado feminino interior, de ser como uma máquina, sem emoção, dominando-se totalmente e mostrando-se repressivo em relação às mulheres (secretamente os homens tem talvez medo das mulheres, pois elas lembram-lhe o poder do seu lado feminino interior que eles se esforçam a renegar). Porque estão desligados da sua fonte interna de poder, sentem-se realmente muito sós e perdidos.
Tradicionalmente a mulher também aprendeu a utilizar a sua energia masculina para renegar e reprimir o poder do seu lado feminino. Reduzida por tal facto à impotência, dependente dos homens, efectivamente desequilibrada, ela é apenas capaz de exprimir o seu poder de forma indirecta, pela manipulação (ela teme que os homens descubram o seu poder real e a abandonem; assim esconde-o cuidadosamente). É importante perceber que o homem e a mulher antigos existem ambos nos dois sexos.
Uma mulher que se exprime no modo tradicional acima descrito, tem nela um homem antigo, macho, que controla e reprime. Ela terá tendência para atrair homens que reflectem esta personalidade masculina e manifestarão no seu comportamento para com ela. Este comportamento pode ir do paternalismo e do chauvinismo às violências verbais e físicas, dependendo da maneira como a mulher se trata e daquilo que ela julga merecer.
Quando ela começa a ter confiança e a gostar mais de si, assim como a utilizar sua energia masculina interior, para se apoiar, o comportamento dos homens na sua vida reflectirão a sua evolução. Seja transformando-se radicalmente e continuando a mudar com ela, seja desaparecendo da sua vida para serem substituídos por homens que a apoiem e apreciem, reflectindo a sua nova atitude em relação a si mesma.
O macho tradicional, tem em si uma voz feminina desesperada e histérica, que procura freneticamente fazer-se ouvir. Ele tem tendência a atrair mulheres que tem fraca auto-imagem, que se ligam e tem necessidade dele ou que exprimem indirectamente o seu poder de manipulação, charme de rapariguinha, sedução sexual, servilidade ou desonestidade.
Estas mulheres que não se respeitam e não tem confiança nelas, reflectem a sua falta de confiança e de respeito para com o seu lado feminino interior. Ao abrirem-se à sua natureza feminina e ao terem confiança nela, encontrarão a nutrição, o apoio e o sentido de conexão que lhes falta. As mulheres da sua vida reflectirão essa mudança tornando-se mais fortes, mais independentes, mais directas e honestas, bem como amantes mais genuínas e cuidadosas.
O novo homem e a nova mulher
O poder feminino, poder do espirito, está sempre em nós. Cabe ao ego – a nossa energia masculina – determinar como nos ligamos a esse poder. Podemos combate-la, bloqueá-la, tentar controla-la e ficar separado dela ou, pelo contrário, abandonarmo-nos e abrirmo-nos a ela, aprender a apoia-la e a segui-la.
Individualmente e colectivamente, passamos de uma posição de medo e de controlo, para uma posição de abandono e confiança na intuição. O poder da energia feminina está a elevar-se no nosso mundo. Quando emerge em nós, a reconhecemos e nos abandonamos a ela, o homem novo, aquele que se lança no mundo com confiança e amor. Deve crescer para ser igual em poder e assim, tornar-se-ão nos amantes que estão destinados a ser.
Parece-me que o homem novo nasceu apenas nas nossas consciências nestes últimos anos. Anteriormente quase não tínhamos a experiencia nos nossos corpos da verdadeira energia masculina. O nosso único conceito do masculino era o homem antigo – uma energia completamente separada do feminino.
O nascimento do novo homem é sinonimo de nascimento da nova era. O novo mundo construi-se em nós e à nossa volta, no momento em que o homem novo (forma física) emerge em toda a sua glória do poder do lado feminino (espirito).
Namasté
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