31.3.12

Silêncio





A maior parte de nós, sobretudo quem trabalha e/ou habita nas cidades, vive um dia-a-dia agitado, frequentemente sujeito a altos níveis de ruído, na maior parte dos casos muito superiores ao que seria recomendado. Infelizmente, estas fontes de ruído estão intimamente ligadas, tanto ao progresso tecnológico atingido, como aos hábitos de vida e lazer modernos. Para além do barulho que nós próprios geramos, sobretudo, a partir de televisões, aparelhos de audio e outros electrodomésticos, o ambiente que nos rodeia é, do ponto de vista sonoro, cada vez mais agressivo.

Automóveis, comboios, aviões e veículos motorizados de duas rodas e até as obras que proliferam um pouco por todo o lado, constituem, sem dúvida, as fontes de ruído que mais nos atormentam.

Aliás, este problema parece tornar-se cada vez mais abrangente, visto que lugares bem próximos de nós, outrora sossegados, tornaram-se em zonas de alto ruído e, cada vez, se torna mais difícil encontrar um local verdadeiramente silencioso. Embora o grau de sensibilidade para este problema varie com as características individuais e dependa, igualmente, do tipo de sociedade em que cada um de nós se insere, o certo é que o agravamento da situação começa a suscitar preocupações generalizadas.

Segundo a European Environment Agency, 20% da população portuguesa está submetida a valores acima dos 65dB provindos, sobretudo, de tráfico automóvel e 10% estão expostos a valores acima dos 75dB. Por exemplo, o barulho causado por carros a circular pode ser de 60 a 80 décibeis (dB), enquanto que numa discoteca o som pode atingir 100 dB.

Em relação aos hábitos modernos de ouvir música através de auscultadores com elevado volume de som, tão do agrado dos jovens, foi feito um estudo há uns anos com alunos que ingressavam na universidade de Coimbra, tendo-se detectado um elevado índice de perda de capacidade auditiva. Aliás, as crianças são especialmente afectadas com este tipo de poluição, podendo ocorrer problemas ao nível do comportamento e aprendizagem, quando estão sujeitas frequentemente a altos níveis de ruído (que pode ser simplesmente do rádio ou da televisão quando o volume está regulado para ouvirmos nós e os vizinhos).

Mas, afinal, porque é que o ruído nos pode ser prejudicial?

O facto dele ser uma constante do nosso dia-a-dia e atingir, cada vez mais, níveis elevados tem chamado a atenção para os efeitos nefastos que pode ter na nossa saúde. Desde logo, e no que respeita ao sistema nervoso, sons acima dos 65 dB podem contribuir para aumentar os casos de insónia, stress, comportamentos agressivos e irritabilidade, entre outros. No caso de intensidades superiores a 75dB podem gerar-se problemas de surdez e tornar-se esta situação prejudicial para a hipertensão arterial.
O que podemos então fazer para melhorar a situação?

Enquanto medidas mais efectivas não forem tomadas ao nível do tráfego, da construção, do planeamento urbano e do ruído ambiente em geral, cabe-nos a nós fazer os possíveis para minorar tal problema. Sugiro que comece por si e procure moderar o volume da sua televisão ou da aparelhagem e procure dialogar com os seus vizinhos para que haja respeito pela tranquilidade mútuos. Durante os seus tempos livres tente descontrair-se ao máximo, praticar actividades relaxantes (Reiki, passeios a pé ou de bicicleta pelo campo ou praia), contactar com a Natureza e evitar, na medida do possível, o bulício que usualmente nos "persegue".



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