31.3.12

Malefícios do Tabaco





Apesar de incontestados e já sobejamente conhecidos, os malefícios provocados pelo tabaco são de tal ordem graves, que nunca me parece demais insistir sobre este tema, na perspectiva de indicar algumas pistas úteis para tentar combater este vício.

O tabaco é obtido da Nicotiana tabacum e as primeiras menções conhecidas remontam à civilização Maia, visto que esta planta era originária da América, tendo a sua introdução e divulgação sido feita na Europa a partir dos Descobrimentos.

Inicialmente o tabaco era apenas usado com fins terapêuticos, julgando-se ser benéfico a muitos níveis (dores de cabeça, dores de dentes, etc.). Só mais tarde passou a ser comum como vício para cheirar (rapé), mascar e fumar (em cachimbo). Durante muitos séculos, o tabaco esteve ao alcance de quase todas as pessoas e as que fumavam eram tidas como respeitáveis, inteligentes e sofisticadas. No séc. XIX, com o fabrico de cigarros como hoje os conhecemos (de uso mais rápido e cómodo), o consumo do tabaco aumentou vertiginosamente.

Foi a partir da primeira metade do século XX que se começou a assistir a uma crescente consciencialização para os verdadeiros efeitos do tabaco e realizam-se muitos estudos científicos nesta área. Foi nessa altura que surgiram, em alguns países, as primeiras proibições de fumar em determinados locais e passou a ser obrigatória a menção de que o tabaco é prejudicial à saúde nos maços de cigarros. No que respeita a publicidade de marcas de tabaco, a lei passou a ser também mais rigorosa.

Actualmente, está mais que comprovado que quase todo o organismo é afectado pelas substâncias químicas contidas no tabaco ou produzidas durante o acto de fumar.

Assim, os fumadores estão mais propensos a contrair o cancro da boca, a sofrer de deterioração dentária e de problemas de mau hálito. O fumo do tabaco afecta também os brônquios, provocando tosse crónica e facilitando diversas infecções. É ainda responsável pelo cancro do pulmão. Por outro lado a nicotina aumenta a tensão arterial e facilita a formação de coágulos no sangue, aumentando, assim, o risco de ataques cardíacos e problemas circulatórios. A nível digestivo, o tabaco pode provocar o cancro do esófago e da garganta e aumenta as secreções gástricas, o que facilita o aparecimento de úlceras. O fumo do tabaco é também prejudicial à pele, provocando o envelhecimento precoce. As mulheres que fumam durante a gravidez correm o risco de dar à luz bebés de peso inferior ao normal e vêem aumentado o risco de perder o bebé nas primeiras hora de vida. Recentemente, estudos associam ainda o consumo do tabaco à deterioração do cérebro. Para além de todos estes efeitos, o tabaco provoca dependência física e psíquica, devido às propriedades estimulantes da nicotina, similares às da cocaína.

São muitas as razões que levam as pessoas a fumar: curiosidade, questões sociais, solidão, para libertar o stress ou como estimulante, etc. A nicotina actua no nosso organismo aumentando a pulsação, a tensão arterial e o ritmo respiratório, dando ao fumador uma sensação de alerta. Mas, na verdade, este efeito, apesar de ser quase imediato, desaparece muito rapidamente (cerca de 20 minutos), o que conduz ao uso contínuo e, consequentemente, à habituação.

Se fuma, penso que não será necessário referir que deveria pensar (se ainda não o tiver feito) em deixar de fumar. É sabido que muitos são aqueles que tentam deixar este vício, mas sem sucesso. Na minha opinião, a força de vontade é o método melhor e mais eficaz de o conseguir. Pena é que, em muitos casos, os fumadores só tomem a decisão de abandonar o vício quando se vêem confrontados com situações graves! Na realidade há sempre a tendência de julgar que é aos outros que os problemas acontecem!... Ainda recentemente, na minha prática clínica me, apareceram 3 pacientes fumadores com cancro do pulmão que, só após a detecção do mesmo decidiram deixar de fumar.

Porém, actualmente, existem inúmeras formas de ajudar aqueles que desejam deixar de fumar: grupos de apoio, medicinas alternativas (a acupunctura, por exemplo), pastilhas de nicotina, preparados naturais à base de plantas calmantes ou à base de plantas que provocam sensação de sabor desagradável ao fumar, entre muitos outros métodos.

Não é apenas importante deixar de fumar temporariamente, mas sim conseguir permanecer sem fumar. Duas horas após ter deixado de fumar, a nicotina começa a sair do organismo, o que provoca alguns sintomas de privação. O medo de engordar após ter deixado de fumar é referenciado por muitas pessoas, o que na verdade poderá ter algum fundamento. É que dois dias após ter parado de fumar os sentidos do cheiro e do paladar tornam-se mais apurados, estimulando o apetite. Deverá, por isso fazer uma alimentação correcta e equilibrada, acompanhada de exercício físico e de alguns suplementos, principalmente vitamina C e antioxidantes.

Recentemente, muito se tem falado também na saúde dos chamados fumadores passivos (particularmente das crianças) que são afectados pelos malefícios do tabaco contra a sua vontade. Em alguns países desenvolvidos a consciencialização tem vindo a ser cada vez maior e vai-se assistindo já a um decréscimo gradual do número de fumadores. Contudo, na maior parte dos países subdesenvolvidos e em vias de desenvolvimento, devido em grande parte a questões económicas, a tendência é ainda contrária.

Nunca é tarde demais para deixar de fumar, pois não se trata apenas da nossa saúde, mas também da daqueles que nos rodeiam. Lembre-se que o tempo que o nosso organismo pode demorar a recuperar de um longo período sujeito ao consumo de tabaco é, geralmente proporcional ao tempo que durou o vício; no entanto nunca é tarde para deixar de fumar....acredite na sua força de vontade e meta mãos à obra!



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