18.4.12

A Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo






 
O grande e humilde mestre Sri Vájera Yogui Dasa (Don Benjamin Gusman Valenzuela), que tanto trabalhou e serviu à Grande Hierarquia (Fraternidade Branca), resolveu desenvolver esta idéia da Santíssima Trindade após uma conferência ministrada pelo filósofo Ling Yutang na Universidade do Chile.


É um tema difícil e árduo para a inteligência humana, e há quem diga que é impossível destrinchar tamanho mistério.

Mas como o homem tem a faculdade infinita de investigar, agora iremos analisar esta matéria tal como temos feito com outros estudos: saciando-nos com o ofício de intelectual felicidade porque, se nós chegássemos a um ponto em que ficássemos detidos na sabedoria ou no conhecimento, iríamos nos sentir extremamente pesados com nós mesmos, devido à paralisia do nosso progresso.

Existem pessoas que costumam dizer que não devemos estudar nem investigar os mistérios, mas é justamente isso que devemos fazer.

A mim mesmo chegaram a dizer que Deus castiga tamanho atrevimento.

Sem demora, o próprio Cristo disse: “Observem as escrituras”, ou seja, devemos estudá-las profundamente.

Deus não nos castigaria porque tratamos de conhecer as leis da matéria e do espírito.

Diz-se que a trindade é um mistério tão grande que não podemos sequer pensar nele, por ser um grave pecado examinar tal matéria.

Eu não sei o porquê; somente pelo fato de termos o desejo de conhecer mais sobre Deus? Sri Rama Krishna dizia sempre aos seus discípulos: “Sou escravo do desejo da investigação.”

O conceito da trindade não é somente católico, como algumas pessoas acreditam.

A idéia da existência da trindade é muito mais antiga que o cristianismo.

Os egípcios adoravam a trindade em Hórus, Ísis e Osíris; o bramanismo tem, desde tempos remotos, a noção da trindade com Brahma, Shiva e Vishnu (a Trimurti).

O judaísmo tem como referente Kether, Chokmah e Binah.

Os ciganos: Rei, Rainha e Valete.

Já os católicos se referem a tal mistério ao falar do Pai, Filho e Espírito Santo.

O curioso é que todos eles coincidem em que são três coisas distintas, mas que formam uma só entidade; quer dizer, que são três pessoas distintas e um só Deus.

O que há de mais importante no Universo está constituído em três bases distintas, que formam uma só coisa.

A vida, por exemplo, se desenvolve com três pessoas distintas.

Nenhuma delas pode ser suprimida, porque cessaria a vida.

Essas três bases são: o pai, a mãe e o filho.

Se nós tirarmos o filho, destruiríamos a continuidade da existência; se suprimirmos a mãe, a vida também ficaria vazia; e se tirarmos o pai, destruiríamos a base essencial da semente da vida organizada do gênero humano.

Esses três pontos – Pai, Mãe e Filho – formam uma só entidade: a família e a vida.


A Roda do Tempo

Outros três pontos referentes à nossa existência se encontram na própria natureza do tempo.

O que é o tempo? Ele está composto de períodos diferentes: passado, presente e futuro, estando os três perfeitamente unidos, formando assim um único e contínuo fluxo.

A cada momento, a cada instante, o presente se transforma em passado, e seguimos do presente para o futuro, e os três diferentes períodos formam uma coisa única, que é o tempo.

Ele também se produz pelo movimento das formas.

O que é um dia? É o movimento dos astros no céu.

O sol, ao se elevar nas montanhas e percorrer o céu, nos dá sua luz e, ao esconder-se, submerge-nos nos obscuros minutos da noite.

Os dias, anos e séculos não são mais do que os aspectos que mudam através do tempo, na perpétua transformação do presente, passado e futuro.

Em contínuo movimento, as coisas se transformam no espaço e no tempo.

Se não existisse o movimento, tudo ficaria estático, a vida terminaria.

Pensem em como seria o Universo sem nada: absolutamente nada se moveria.

Pensem como seria se, em nosso corpo, não se agitasse o coração, se nossos pensamentos não atuassem, se nossas sensações fossem anestesiadas; que, se o infinito todo fosse uma eterna quietude, então, não haveria vida.

Dentro desse movimento das coisas, temos formas, e as formas estão constituídas em três pontos: alto, raso e profundo.

Essas três medidas nos dão o volume de uma determinada coisa, ou seja: a forma.

Estudando muitos outros aspectos dos três princípios básicos nos quais está constituída a vida em nosso mundo físico, e tomando-os como base, podemos elevar-nos à vida infinita e suprema de Deus.

Na infinita alma do Universo, encontramos energias criadoras, conservadoras e transformadoras.

Há uma força que cria as coisas, que as forma, e outra que as conserva.

Todas as formas foram criadas pela força do Universo, mas ao mesmo tempo em que são criadas e conservadas, há um terceiro poder ou manifestação, que é a transformação.

A partir do momento em que tivermos alcançado a vida, no nascimento, atua o poder conservador, mantendo-nos como indivíduos, ou seja, pessoas.

Mas o poder transformador do tempo, com seus minutos, horas e anos, trabalha para nossa transformação e morte.

Assim são todas as coisas da vida: nascem, se conservam e morrem.

Tudo gira nessa eterna roda.


Trindade

O poder criador é que forma parte desse Universo, com suas vias lácteas, planetas e astros.

Ele é o Pai, a potência criadora.

O Filho, ou seja, a criação do Universo, é o resultado de uma força ativa.

O poder que flui entre o Criador e o criado, quer dizer, entre o Pai e o Filho, é o Espírito Santo.

Repetindo, direi que o Pai é a energia criadora; o Filho, o criado; e o Espírito Santo é a vida, ou a semente divina.

Essas três subdivisões de energia são: a força criadora, a conservadora e a transformadora.

A força criadora, o criado e a vida no criado constituem o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Cada um desses poderes atua de maneira inteligentíssima.

Em todos esses ensinamentos que as religiões nos revelam há uma base científica e real que, desgraçadamente, as religiões não explicam, e pretendem que as pessoas que as seguem não a questionem e nem busquem a mais alta sabedoria.

Deus representa a força positiva, negativa e neutra, difundida por todo o Universo, e mais a consciência centralizada em tudo.

“Em Deus não existe tempo: não há passado, presente ou futuro”.

E não há tempo no espírito de Deus porque Ele não se move, é imóvel; e é imóvel porque ocupa todo o infinito.

Deus não pode cair nem para a direita nem para a esquerda, porque está em todas as partes.

Se nós estivéssemos envolvidos por um caixão que tivesse sido feito perfeitamente ajustado, e todo o corpo estivesse dentro sem sobrar um milímetro, não poderíamos nos mover devido à ocupação de todo o espaço.

Assim, Deus está ocupando todo o infinito.

Está em todas as partes, no céu, na terra e em todo o lugar.

Deus está no homem mau, no pecador; e igualmente no bom; está no feio e no bonito, no sujo e no limpo.

Está envolvido no todo.

É a vida dos anjos, é o espírito interno do demônio.

Permanece sempre puro e não se contamina; é como os raios que transpassam a podridão de um cadáver e não se contaminam.

Assim é a força cósmica inteligente do Universo, conservadora e transformadora, a trindade em todos os seus aspectos, que está em todas as coisas.

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