18.4.12

Caminho Português ou Via Lusitana - "Porto - Santiago"







1a Etapa – O Porto a Vilar do Pinheiro ou Vilarinho (18 ou 26 km)

Há quem diga para evitar a área urbana d’O Porto e seguir de metro para a área de Maia. Sinceramente, acho desnecessário. O único problema é a travessia da rodovia N13, de 4 pistas, logo depois de passar a Capela do Araújo. Não vejo uma área urbana como desculpa para pegar transporte. Afinal, é um obstáculo do peregrino moderno. Enfim, depois d’O Porto o peregrino passa pela área industrial de Maia, nada assustadora e bem organizada. Passada a zona industrial o caminho segue uma rua murada e chega em Vilar do Pinheiro. Há a opção de ficar aqui, no residencial Santa Marinha, que fica a 750 m das setas amarelas, com sinalização municipal do alojamento. Quem prefere continuar, segue pelo caminho e atravessa Vilar do Pinheiro e numa seqüência que parece ininterrupta, passa por Mosteiró, Vilar, Gião e chegam em Vilarinho direto em sua praça central. Há um refúgio municipal adaptado na escola municipal, cujas chaves devem ser retiradas na farmácia a caminho da escola. Há 2 beliches, cozinha e banheiro.

2a Etapa – Vilar do Pinheiro ou Vilarinho a São Pedro de Rates (20 ou 13 km)

Logo depois de Vilarinho há um ponto interessante do Caminho: o peregrino atravessa a recém reformada ponte medieval de Zameiro, e segue um caminho tranquilo. Há de se tomar muito cuidado, porém, assim como na etapa anterior, em trechos à beira da estrada, cujo acostamento é exíguo. Aos poucos, o Caminho volta a tornar-se agreste, passando o peregrino várias vezes por bosques e campos de cultivo. Aparece mais uma bonita ponte romana, a de Arcos, com a cidade de São Miguel de Arcos e sua igreja ao fundo. Mais um pouco e logo o peregrino se encontra em frente à igreja românica de São Pedro de Rates. O refúgio de peregrinos, o primeiro oficial do Caminho Português, fica mais adiante pelo Caminho.

3a Etapa – São Pedro de Rates a Barcelos (17 km): 

Desde O Porto, a sinalização do Caminho Português é praticamente perfeita. Isso deixa esta curta etapa muito tranquila, pois o caminhante percorre muitos campos de cultivo e bosques, numa leve ascensão. Até Pedra Furada o caminho praticamente não passa por núcleo urbanos. Já depois desse povoado o peregrino vai lentamente entrando na periferia urbana de Barcelos, principalmente depois de Pereira. Logo chega a ponte medieval que dá acesso ao centro histórico de Barcelos, cuja lenda do Galo é a mesma que de Santo Domingo da Calzada. Há diversos alojamentos na cidade, mas vale a pena caminhar até o quartel dos bombeiros voluntários, o maior em Portugal, e conversar com os simpáticos bombeiros minhotos.

4a Etapa – Barcelos a Vitorino dos Piães (Lugar do Corgo) (21 km): 

O peregrino entra definitivamente na região do Minho e o ambiente do norte de Portugal já o acostuma para a entrada na Galícia. Depois de alguns quilômetros na área urbana de Barcelos, o viajante finalmente volta para as trilhas, apesar de sempre passar por pequenos vilarejos. Há uma boa subida começando em Portela, e depois o peregrino chega à famosa ponte das táboas, de origem medieval. Em seguida há a vila de Balugães, onde há um santuário a N. Sra. de Aparecida e uma igreja românica, que podem ser visitadas pelo peregrino sem prejuízo do Caminho. O peregrino sai de um bosque direto na rodovia, em frente a uma capela. Em seguida, o caminho segue por campos de cultivo, e logo chega na casa da família de Fernanda e Jacinto, que fazem acolhida de peregrinos há muito tempo.

5a Etapa – Vitorino dos Piães (Lugar do Corgo) a Ponte de Lima (15 km): 

A etapa curta justifica-se pois não há outra alternativa de alojamento entre Barcelos e Ponte de Lima. Ainda, o peregrino pode ter um tempo a mais para visitar a monumental cidade de Ponte de Lima. O peregrino passa pela igreja de Vitorino e continua reto, num leve ascenso, passando por Portela e Albergaria. Continua por um longo caminho entre vinhedos, passando por mais uma capela em pleno campo. O Caminho torna-se progressivamente mais urbano, até o caminhante sair de frente ao Rio Lima. Antes da moderna ponte, o peregrino, caso queira ficar na Pousada da Juventude, deve entrar por um estreito caminho que leva direto à pousada. Recentemente foi aberto o mais novo refúgio português, no largo de Além da Ponte, e o peregrino então deve seguir em frente, passando pela igreja da N. Sra. da Guia, pela bonita avenida dos Plátanos e finalmente pela incrível ponte medieval sobre o rio Lima.

6a Etapa – Ponte de Lima a Rubiães (20 km): 

Esta etapa reserva a subida mais forte de todo o caminho – a serra de Labruja – , e é, não apenas por isso, uma das etapas mais bonitas. A passagem pela ponte sobre o Rio Lima é por si só um ponto alto, mas o caminho em seguida é cheio de trechos em plena natureza, com muito verde e riachos. Depois de Arcozelo, o peregrino já sente o ascenso. Cruza o rio Labruja, depois de passar por debaixo do viaduto da autoestrada, por um pontilhão improvisado, e em seguida, já passa por uma encosta forte. Segue o trajeto do rio, ouvindo por vários momentos as quedas d’água. Volta à estrada em Arco, e segue até a capela de N. Sra. das Neves, onde entra por uma via secundária, ainda em ascenso. Depois de alguns lugarejos, a subida empina de vez, num bosque de pinheiros. Passada a cruz dos franceses, chega-se ao ponto mais alto, a 400 m de altura. Em seguida, a descida se dá pelo mesmo bosque, e logo tem-se uma bela visão do vale. O peregrino ainda passa por mais uma ponte romana, a de Aqualonga. Depois de um trecho de bosque, o peregrino sai de frente ao residencial O Repouso do peregrino e segue pelo asfalto até o albergue de Rubiães, logo depois da igreja românica de Rubiães.

7a Etapa – Rubiães a Valença do Minho (17 km): 

O Caminho de Santiago Português chega ao fim do seu percurso em território português. A etapa é interessante pois há diversos marcos pelo caminho, relembrando a antiga via romana, e faz o peregrino sentir-se em pleno medievo. Por vários quilômetros depois de Rubiães o caminho recebeu calçamento de paralelepípedos, melhorando o caminhar, secando áreas normalmente encharcadas. Ainda no clima romano-medieval, há duas pontes medievais entre Rubiães e Valença do Minho, que também é um capítulo por si só. Como de praxe nos últimos trechos, esta etapa está bem sinalizada e percorre em sua maior parte trilhas entre bosques. Depois de Rubiães, o peregrino chega ao Santuário de São Bento da Porta Aberta e logo segue por uma trilha florestal, em descenso, às vezes com visão do vale do Minho e dos povoados a seguir. Passa-se por Pereira e Fontoura e a seguir Paços. Logo está a ponte medieval de Pedreira (logo depois de Rubiães está a ponte romana de Peorado) e um pouco depois já começa a área urbana de Valença e o peregrino percorre o bairro de Arão, e ao cruzar o viaduto da linha férrea, já está no centro moderno de Valença. O refúgio de São Teotônio está ao lado dos bombeiros voluntários, aos pés da fortaleza de Valença.

8a Etapa – Valença do Minho a Mos (25 km): 

O peregrino dá seus últimos passos em Portugal, e nada melhor do que fazê-los caminhando pela fortaleza de Valença. Saindo do albergue, ignore as flechas que encaminham o peregrino pela avenida dos bombeiros, e siga em direção à fortaleza e suba para o portão que dá vista para o albergue. Basta seguir pela rua principal da cidade fortificada, e depois da pousada, descer pelos túneis, e logo verá antigas setas amarelas encaminhando o peregrino direto à ponte internacional sobre o Rio Minho. Portugal fica para trás, e deixa saudades. O caminhante entra em Tuí e em poucos passos está de frente com a bela catedral fortaleza de Tuí, que de cima do morro vigia sua cidade irmã. A partir de agora, o caminhante terá muitas opções de alojamento nos albergue da Xunta da Galícia. Ao lado da catedral de Tuí está o primeiro. Depois de Tuí o peregrino caminha um pouco entre prados e caminhos, inclusive por duas ponte romanas, a da Veiga e a famosa ponte das febres. Depois entra em Magdalena, e um último trecho florestal, antes de chegar em Orbenlle, às portas do distrito industrial de O Porrino. Já com as indústrias à vista, aparece o malfadado trecho de 4 km de reta pela zona industrial. Terminado este, outro longo trecho retilíneo coloca o peregrino em O Porrino. Há a possibilidade de alojamento nessa cidade, no albergue da Xunta da Galícia, que não possui mais nenhum atrativo relevante ao peregrino. A seqüência continua infernal, sob asfalto e pelo acostamento de rodovias. Quando finalmente se abandona a autoestrada, Mos não está muito distante. O bom refúgio, também da Xunta, fica ao lado do Paço e em frente a um café-bar.

9a Etapa – Mos a Pontevedra (28 km): 

Entre Mos e Redondela há 10 km, sob asfalto mas bem tranquilos. O Caminho segue a via romana XIX, indicada por pequenos monolitos – assim como a sinalização jacobea – e até por um marco miliário original. Antes de chegar em Redondela, tem-se uma bela visão do vale. O albergue de Redondela fica bem no centro e é excelente. Logo atrás há uma igreja de Santiago. Em seguida, o retrato é sempre o mesmo: sempre sob asfalto, mas vários trechos de bosques e uma bela visão da baía de Vigo. Passa-se por Ponte Sampaio, já no distrito de Pontevedra. Em seguida, há uma bela trilha, entre árvores velhas e sob enormes pedras. Ao final, já entra o peregrino na zona urbana de Pontevedra, e na entrada da cidade, logo ao lado da linha férrea, está o ótimo albergue. Digno de nota é a igreja da Virgem Peregrina, no centro da cidade, cuja planta é no formato de uma vieira.

10a Etapa – Pontevedra a Briallos (19 km): 

Mais uma agradável etapa pelos bosques galegos. Depois de cruzar a ponte de Pontevedra, o caminho segue um pouco pela rodovia e corre em paralelo com a via férrea por um bom trecho. Depois de Alba, um dos trechos mais bonitos de todo o caminho, por bosque e ao lado de um riacho, que permite ao peregrino relaxar os pés cansados, com mais de 600 km rodados… Em seguida, depois do pueblo de San Amaro, vem Barros, que conta com um bom albergue alternativo, subindo a rua à direita, conforme sinalização, a 500 m do caminho. Mais adiante, o peregrino caminha um pouco pela rodovia, até um desvio – prestar atenção na seta, que está pintada no chão. Segue uma trilha entre as parreiras, até a placa anunciando o albergue, que está a 1 km do Caminho. O albergue é bom e há um mini-mercado perto da rodovia.

11a Etapa – Briallos a Padrón (24 km): 

Esta já é a penúltima etapa do Caminho Português. Do albergue de Briallos, caminha-se de volta 1 km para retornar às flechas. Segue-se um pouco pelas vinhas, para voltar à estrada e logo em seguida, junto a uma ermita, entrar numa pequena trilha de carvalhos e em seguida rural, que por fim desemboca em Caldas de Rei. Depois de Caldas, o Caminho ganha em beleza, numa pista florestal larga, passando por um vale e debaixo de um grande viaduto. Ao final desta, chega-se a Carracedo, e passando o pueblo, caminha-se um pouco ao lado da estrada para logo depois entrar em mais uma trilha florestal relativamente fechada. Ela termina já na zona urbana de Valga, que já está próxima de Pontecesures. Mais um pouco de caminhada e se alcança a ponte de Pontecesures e deste ponto não mais que 3 km separam o peregrino de uma importante cidade jacobea, Padrón. Na igreja de Santiago de Padrón está a suposta pedra (de onde vem o nome da cidade) onde foi amarrada a barca com o corpo do apóstolo, que ali chegou depois de navegar pelo rio Ulla. Ali, segundo consta no Código Calixtino, ocorreram vários milagres em favor dos discípulos do santo, que queriam apenas um local para enterrar o corpo de seu mestre. O refúgio, mantenido pela Xunta, esta ao lado do convento del Carmen, num edifício de pedra, muito bem reformado. Ainda, é possível subir ao monte santiaguino, atrás do convento, onde reza a lenda que Santiago pregou na sua jornada pela Galícia.

12a Etapa – Padrón a Santiago de Compostela (24 km): 

O Caminho Português chega aos seus últimos momentos. Logo depois de iniciar a etapa, o peregrino passa por Iria Flavia, mais um local vinculado ao Santiago. A colegiata era a antiga sede episcopal. Passada a igreja, o caminho atravessa diversas povoações antigas, entre casas de pedra e campos de cultivo, entre a linha férrea e a autoestrada. Ao fim deste trecho, o peregrino sai à rodovia na altura do Santuário da Escravitude. Ao lado da Igreja, o caminhante segue mais um caminho entre povoados e campos de cultivo, com uma bela visão da Galícia. Mais uma vez o peregrino volta à autoestrada, para logo em seguida entrar numa rodovia secundária. Um pouco antes de entrar numa via ainda menor, o peregrino tem a opção de continuar alguns metros para ficar no albergue de Teo, o último refúgio antes de Santiago. É uma alternativa ao albergue de Padrón em épocas cheias e uma opção para quem quer chegar antes da missa do meio dia em Santiago. O peregrino passa por um antigo cruzeiro gótico e um lindo carvalhal. A entorno vai se tornando cada vez mais urbano. Praticamente não há mais trilhas de terra, e as casas vão chegando em intervalos menores. Ao menos as vias são tranquilas e sem tráfego. Depois de uma curta trilha florestas, o peregrino segue em direção de O Milladoiro, onde, depois de uma breve subida entre árvores, terá a primeira vista das agulhas da Catedral, como ocorre no Monte do Gozo no Caminho Francês. Depois de cruzar a linha férrea por uma passarela, aparece a última ponte romana, sempre presentes pelo Caminho. Depois de atravessar o viaduto da rodovia, o peregrino já está na área urbana da cidade de Santiago. Falta pouco. Em ascenso, passa ao largo do Hospital Clínico, e praticamente em linha reta, sem erro, o peregrino aproxima-se da Praça do Obradoiro, ponto final desta longa e recompensante viagem.


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